Perdidos e Machados #18
Bom dia alunos, peço desculpa pela minha ausência na última semana, mas tive uma oportunidade rara que não podia perder. Sem mais demoras, vamos ao pedido e aula de hoje:
Professor Axe, mékié?
O meu mano mais velho tinha uma Saturn knd era-mos putos, tás a ver? Tinha lá um jogo dum gajo que tinha uma tattoo tipo do estilo uma lua na testa. Eu era canuco e não me lembro de mais nada. Curtia de jogar disso e fazer uma tattoo igual, mas no braço, não na testa.
Ajuda aí um sócio e diz qual é?
Fica mano!
Zed da Killa
Ah… a criatura tentou comunicar comigo, mas eu não percebo nem metade do que ela diz. Raios partam estas crianças hoje em dia que não sabem falar nem escrever.
Depois de passar algum tempo a tentar decifrar esse texto cheguei à conclusão do que era. Sailor Moon talvez?
Zed, vou-te chamar Zed. Já falei várias vezes em vários locais acerca das tatuagens, especialmente as dos videojogos, portanto não vou falar mais sobre isso aqui. Quanto ao teu jogo, tive que o ir buscar ao fundo do baú. Literalmente, porque tenho ainda para a Saturn.
Não foi muito difícil porque existem várias personagens de videojogos com tatuagens, inclusive na cara, desde Kratos do God of War a Zell Dintch do Final Fantasy 8 passando por Faith de Mirror’s Edge. Mas com algum formato semelhante a uma lua na testa, só conheço e encontrei um. Fred, de Torico.
Desenvolvido pela System Sacom para a Sega e lançado em 1996 na Saturn, Torico, ou Gekka Mugentan Torico, é um filme interactivo com puzzles que não teve muito sucesso comercial, mas também não conseguiu o estatuto de jogo de culto como acontece às vezes. É daqueles que se vai perdendo na memória e nos anais da história dos videojogos. (Torico foi lançado na América do Norte com o nome Lunacy)
O jogo estava partido em dois CDs, no primeiro controlamos Fred, um desconhecido com amnésia (algo extremamente comum nos videojogos para que nós o jogador possamos nos identificar mais com o personagem que pretendemos ser) na prisão de Misty Town. Fred está na prisão e lá conhece Anthony que lhe conta a lenda da City of the Moon, cujo porta está escondida algures em Misty Town.
Por razões que não vou contar, para manter o mistério de quem alguma vez queira jogar, Lord Gordon condena Fred à morte, contudo dá-lhe uma hipótese de sobrevivência se ele encontrar a porta para a City of the Moon.
Daí segue a nossa aventura, como em grande parte das aventuras gráficas em primeira pessoa mas com um grande foco em animação. Os puzzles do jogo conseguiam ser desafiantes (para a altura, já não lhe toco há uns 19 anos) e também as animações. Quando saiu a Sega Saturn era a consola com os melhores gráficos. Conhecer pessoas, falar com elas, encontrar e utilizar objectos eram a base de tudo, mas acima de tudo, era uma lição, de como um jogo em FMV deveria ser feito. Infelizmente foi um exemplo que não foi tomado pois os sucessores deixam muito a desejar.
Obrigado pela vossa presença, e até para a semana.
