Admito que já perdi demasiado tempo a tentar começar este artigo, porque pura e simplesmente não consigo pensar numa palavra que seja sinónima de “fofo” que enquadre bem o tom que se espelha por estes três jogos, que apostaram num aspecto mais “simpático” para conceber a sua linguagem visual.

À falta de substantivo melhor, aposto num pseudo-neologismo, “fofurice”, só porque um outro neologismo carinhosamente espalhado lá em casa – “fofuchice” – é de redacção incógnita.

Posto isto, os três indies fofos e frescos que trazemos esta semana são:

Mushroom Wars, as trincheiras da rave

fb5c62d08aba93b16f83ada5e925040c23dce8c8

Olhando para este Mushroom Wars seria de esperar que o seu berço fosse o Mercado mobile, mas ironicamente essa não é a realidade. Este simpático e colorido jogo de estratégia estreou-se na PS3 e só depois foi para o iOS e o Steam (cuja versão é aquela que estamos a jogar).

Podíamos também imaginar que de alguma forma esta fosse a interpretação em videojogo do BOOM Festival e de um dos seus mais famosos visitantes, o primo do meu vizinho Manuel, mas não. Mushroom Wars é um RTS simplicíssimo com mecânicas hiper-sintetizadas que estão pensadas, de base, para serem aplicadas em ecrãs tácteis.

1208964-mushroom_wars_01

Para quem está habituado a RTS, a simplicidade de Mushroom Wars é algo enganadora. Há uma série de mecânicas de equilíbrio entre unidades e de atributos de edifícios que são deixados à aprendizagem pela jogabilidade, num claro Show don’t tell dos seus criadores.

Mushroom Wars é um leve jogo de estratégia, cujo ambiente mais casual pode ser um dos mais descontraídos para andar com o género no bolso (literalmente).

A Little Lily Princess e Burnett niponizado

t6

Há treze anos quando conheci a minha mulher soube que uma das histórias que mais a marcou em criança foi o livro A Little Princess de Frances Hodgson Burnett, cujo filme de 1995 de um ainda jovem Alfonso Cuarón era uma das películas que mais a tinham marcado.

Ver este clássico infantil adaptado a visual novel não é de estranhar, já que o crescente interesse para além fronteiras japonesas pelo género começam a trazer cada vez mais títulos para o Ocidente, onde as localizações para inglês têm aumentado exponencialmente as vendas e o acesso a estas séries.

hanako-1024x576

Desenvolvido por um estúdio que bem conheço, Hanoko Games, que desenvolveu Long Live the Queen (também presente no Steam) e que foi um dos jogos do género ao qual dediquei mais horas. É aliás deste jogo que vêm muitas das mecânicas de “melhoramentos” da protagonista, e que definem o sucesso ou insucesso no desenrolar da história.

Com um visual igualmente fofo, kawaii diriam os otakus, A Little Lily Princess é uma interessante visual novel com desenvolvimento político e de características de personagem, e que permitem muitas e variadas playthroughs.

The Mims Beginning, e o altar a Molyneux

mims_beta1_2013-03-15_17-14-03-904

Peter Molyneux definiu as regras com que o jogo era jogado, literalmente, e por muito que seja uma espécie de Lúcifer (para alguns) do mercado dos videojogos, o anjo caído em desgraça, é inegável o seu contributo para o nosso meio. E esse contributo ainda vai sendo sentido em algumas produções indies, como este The Mims Beginning.

20131222070833-MIMS-2013-dec-20-013

As influências de Populous, e os piscares de olhos são frequentes, neste jogo que quis ter uma aura de God Game mas que acabou por resultar, na sua essência, num RTS convencional. Aqui temos de conduzir os Mims, os pobres seres perdidos no planeta, a reconstruirem uma colónia e a desenvolverem a sua civilização, enquanto observamos tudo do alto da nossa divindade de jogadores.

Os Mims são bizarramente fofos, estando ali num misto de criatura-estranha/criatura-simpática, e à semelhança de Mushroom Wars acaba por ser uma boa forma de mergulhar nos RTS.

E o dízimo ao deus Molyneux está feito, pelas mãos trémulas de um estúdio indie.