Vou já esclarecer que esta caçada não tem absolutamente nada a ver com o clássico BD dos X-Men e muito menos com o filme medíocre. Eu estive indeciso entre esse título e “Os dois lados da estratégia” mas deixei este de lado. Ambos seriam adequados tendo em conta que os dois jogos que vou falar tratam de estratégia, um por turnos e outro em tempo real, e um é futurista enquanto o outro é passado num ambiente histórico. Mas vamos ao que interessa que são os jogos propriamente ditos.

Sengoku Jidai: Shadow of the Shogun é um jogo de estratégia por turnos, que tenta recriar o período histórico e as suas batalhas. Durante cerca de 150 anos até início de 1600 o período Sengoku foi um de batalhas e guerras no Japão, culminou com Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu unificando a ilha. Foi com o final do cerco de Osaka que Tokugawa iniciou o seu Shogunato e seculos de paz foram conseguidos.

Sengoku Jidai 1

Sengoku Jidai, na sua campanha de single player repete algumas das batalhas mais famosas desse período, não só entre as forças japonesas mas também com as coreanas e as chinesas. Digo desde já que qualquer jogador experiente em jogos de estratégia deve fazer o tutorial. Hoje em dia podemos achar que os jogos são todos iguais, que conhecendo um jogamos a qualquer um, e na generalidade não estaríamos errados, contudo Sengoku Jidai é diferente. É mais semelhante a um jogo de tabuleiro de estratégia. Um simulador de soldadinhos de chumbo de certa maneira mais táctico do que estratégico feito pela Byzantine Games e publicado pela Slitherine Ltd, precisa de tempo e paciência para ser aprendido.

A imagem do jogo não podia ser mais apropriada, tudo é mostrado em estilo de pintura japonesa das letras ao mapa e unidades. Não é um estilo que se possa dizer ser digno de uma placa gráfica e monitor topo de gama, mas tem uma beleza clássica que é apreciada. Em termos de jogabilidade é fácil de aprender na sua base isométrica e de unidades em batalhão e ao mesmo tempo extremamente difícil no que diz respeito às suas diferenças como perder o controlo de uma unidade por estar longe demais do general, ou estar cercada de unidades inimigas tornando as suas acções passivas e automáticas. Atrição, terreno, utilização de armas específicas podem ser cruciais na batalha, até a simples diferença de cultura de um povo para o outro fazem diferença, como por exemplo a diferença dos chineses, japoneses e coreanos na sua utilização de arqueiros.

Sengoku Jidai 2

Sendo um indie a um preço algo elevado de €27.99 tenho que aconselhar cautela. Para mim como fã acérrimo de jogos tácticos e deste período histórico no Japão, sim vale a pena, é um bom jogo, mas não será para todos.

Meridian: Squad 22 está no lado oposto do espectro. Passa-se num futuro fantasioso e é um jogo de estratégia em tempo real feito pela Elder Games e publicado em simultâneo pela Merge Games e a Headup Games.

Ainda em Early Access e com um número limitado de missões, este RTS Single Player consegue trazer de volta aquela sensação perdida dos jogos dos anos 90, de jogos como Command and Conquer e Age of Empires, que um colega me perguntava no outro dia porque não conseguia encontrar jogos desses agora, e eu lhe expliquei que era uma questão cultural e de tecnologia. Quando eramos miúdos os jogos tinham que entreter o jogador sozinho, e de modo a tornar a acção mais emocionante não podia parar, hoje em dia o multiplayer é rei, e para jogar sozinho é preferível algo pausado que nos faz pensar sem pressas. Curiosidades dos mercados.

Meridian 2

Meridian: Squad 22 não é totalmente inspirado pelos clássicos, tem a sua vertente única como a sua componente de pesquisa e a sua história base. Não é um jogo de conquista, não é um jogo de batalhas, é um jogo em que controlamos uma equipa de pesquisadores e militares em investigação numa colónia humana num mundo distante, após um ataque somos obrigados a tentar perceber o que aconteceu e porquê.

Muito focado em criação, gestão e protecção de bases, o jogo depois expande de unidades genéricas singulares a pé (e algumas principais) para unidades mecanizadas, aquáticas e voadoras, e uma história aparentemente bem construída. O facto da árvore de pesquisa tecnológica ser divida em combate, defesa e economia e as nossas unidades a ser utilizadas serem influenciadas pelas nossas escolhas nesse campo, dão uma certa dificuldade que pode ser muito apreciada.

Meridian 1

Ainda por acabar e pela quantia base de €9.99 acredito Meridian: Squad 22 seja uma boa opção para os saudosistas dos RTS dos anos 90. Se existirem dúvidas quanto ao jogo, lembrem-se do seguinte, ele é feito por uma só pessoa. Só isso é digno de valor.