Ter consciência de que não conseguimos renegar a nossa História é um belíssimo processo evolutivo. É sabido que o milénio passado foi altamente sangrento durante quase toda a sua duração, com tramas e guerras que se desenrolaram com muito poucos períodos de paz. Mas a aprendizagem que fazemos das tensões humanas e políticas não se ficam por aqui, e é consensual que a História da Humanidade e em particular a conturbada Europa são uma tremenda fonte de inspiração para qualquer autor. Que o diga a verdadeira rockstar da actualidade que é George R R Martin que sem os muitos conflitos medievais europeus teria muito menos “material de estudo”.
Das muitas guerras que colocaram em confronto algumas das nações da Europa, talvez aquela do qual menos falemos seja mesmo a Guerra dos Trinta Anos por não ter directamente envolvido Portugal, e o facto de à época vivermos a chamada União dinástica Ibérica. Mas em senso geral, esta Guerra foi travada tendo como epicentro a Europa Central e o Império austro-húngaro dos Habsburg e a forma como Fernando II tentou impor o Catolicismo sobre todas as regiões do Império, o que causou resistência expectáveis nos territórios Protestantes.
Uma das Guerras da nossa História com um maior número de mortos e um grande número de nações beligerantes, Thirty Years War viu recentemente uma adaptação a videojogo chegar ao Steam pela mão da hiper-especializada Slitherine e pelo estúdio AGEOD, que lançou um jogo de estratégia sobre as Guerras Napoleónicas do qual falamos há pouco tempo.
Como de esperar de mais um jogo do conhecedor estúdio AGEOD, Thirty Years War é um wargame que tenta não só retratar um dos períodos de maior conflito religioso e político, como representar mecanicamente muitos dos conflitos que marcaram a História.
À semelhança de outros jogos da Sitherine, este TYW não é de perto nem de longe um jogo para jogadores casuais de estratégia, possuindo uma zona de entrada muito exigente até para os jogadores habituados a estratégia por turnos. Para os habitués do catálogo da editora, para hardcore wargamers e para quem tenha um genuíno interesse neste período histórico, esta é uma das mais desafiantes e detalhadas propostas que podemos encontrar neste mercado complexo, mas de nicho.
Fica-nos a dúvida: para quando um jogo sobre a Guerra da Restauração?