Ataque dos Clones #20

Da ultima vez que me calhou a tarefa ingrata de escrever sobre um clone, abordei o caso de um demake cujo original, um JRPG, é tecnicamente compatível com a consola receptora na sua essência fundamental.
Tal não acontece com uma franquia de aventura 3D. Nada que pudesse dissuadir os suspeitos do costume: A Shenzhen Nanjing Technology.
Não se trata portanto um demake mas antes de um jogo criado de raiz tendo como base a utilização fraudulenta da propriedade intelectual Tomb Raider (pelo menos nos termos pestilentos do paradigma americano-sionista). Claro que tudo aqui cheira à versão lançada para GBA: Tomb Raider The Prophecy (sim isso existe) mas o esforço é globalmente notável até porque a filiação reduz-se essencialmente à representação gráfica da Lara.
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Este “Tomb Raider” tem o mérito de ter a sua própria história para contar. Uma equipa liderada por uma banqueiro -sim, banqueiro- desaparece durante uma expedição a uma terra remota. A equipa e o mapa perdido, Lara encontra-se com o milionário Frank e o historiador Spark para tentar desvendar o mistério… Dificilmente se consegue mais básico mas a fasquia para um produto do género fica à altura do piso.
A história tem o seu papel no decorrer do jogo pelo que o facto de só existir em chinês poderá tornar a coisa um pouco complicada para os que não tiraram o curso com a Ritinha da Caixa Geral. Os PNJ, quando não enunciam piropos passíveis de multa, são um elemento bastante interessante da fase de “aldeia” que se assemelha ao que era recorrente em RPGs dos tempos da NES.
Quanto aos combates a coisa é mais complicada. A Lara pode sacar das pistolas para disparar contra os seus inimigo mas o paradeiro das balas é particularmente arbitrário e só é visível através de um minúsculo sprite lunático que vai aparecendo conforme lhe apetece. Se arrumamos as pistolas, Lara ganha em velocidade. Dominando esses dois elementos os inimigos não apresentam grande dificuldade e vão seguindo os seus percursos predefinidos como se de nada fosse. O único momento onde poderão causar algumas dificuldades é se tiver a má ideia de abrir o menu para escolher um item ou salvar o jogo pois isso provoca o respawn do bestiário que estava mesmo ao nosso lado.
Chegados ao único templo do jogo, a coisa ganha tonalidades de Zelda com enigmas que envolvem interruptores espalhados um pouco por todo o lado ao estilo dos primeiros Tomb Raider.
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Guardando o pior para o fim, este Tomb Raider sofre de uma lentidão que, associada às três notas estridentes que compõem a banda sonora, provocam rapidamente uma sonolência ao portador do comando: Desligar o som do jogo é um imperativo.
Se tiver alguma paciência, o que é aliás recorrente no puto terceiro-mundista de pequeno orçamento, este jogo está acima da qualidade média destas produções… Logicamente, não é recomendável ao trintão associal que acha excelente ideia jogar a bootlegs manhosos do Extremo Oriente em vez de produções modernas de alta qualidade. Demasiado honesto para valer a pena.