Não sou o maior expert do Rubber Chicken em termos de jogos mobile e para ser honesto nem sequer sou o maior conhecedor do mercado da minha casa, sendo amplamente ultrapassado pela minha mulher acerca de jogos para telemóveis e tablets. You know nothing Ricardo Correia.

Dito isto, penso que o maior elogio que se pode dar um jogo para dispositivos móveis (alargando também para as consolas portáteis) é o número de vezes diárias que necessitamos de carregar a bateria porque simplesmente arruinamos toda a carga a jogá-lo. Elio, lançado gratuitamente pela Kemco para iOS e Android é um desses casos.

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Já diversas vezes referi a tremenda desconfiança que tenho dos jogos F2P para mobile. Acima de tudo, e à semelhança com o que o João referiu na sua análise ao novo Transformers para telemóvel, usualmente a lógica dos estúdios é a de criar formas irritantes de manterem o jogador activo e pagante, e essa é uma das razões (entre outras) que prefiro pagar por um jogo por telemóvel do que ser vítima das debilitantes microtransações.

O que significa que o meu contacto com um F2P funciona numa espécie de desafio a mim mesmo e ao jogo, e acredito que ultrapassando a necessidade de injectar dinheiro real, um jogo é tão bom como a sua capacidade de me desafiar a ultrapassá-lo pelo meu mérito. E após alguns dias intensivos de grind lá finalizei Elio.

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De forma alguma posso afirmar que Elio é excelente, sendo na realidade um JRPG bastante mediano. Mas é na sua quase total ausência de enredo e um foco notório do meu muito temido grind que recaiu a minha atenção, e admitidamente, o meu vício.

Entre termos de desenvolver a aldeia base onde decorre o jogo e termos de explorar uma série de dungeons com uma equipa de quatro personagens altamente customizáveis, cedo percebemos que necessitamos de generosas doses de grind para poder ir comprando equipamento (ainda que este seja limitado) mas acima de tudo para fazer level up à party.

O outro elemento que necessita de muito, muito grande é o sistema de evolução das classes. Como indiquei cada personagem é altamente customizado, para isso basta que lhe atribuímos uma classe, entre ninja, healer e outras tantas dezenas disponíveis. Mas para subir de “nível” necessitamos de ir cruzando classes idênticas num sistema exponencial, até atingir a máxima potencialidade de evolução de dada classe. Parece complicado? Mas não é. Só carece de dias de grind com o cérebro desligado ou uns euros injectados.

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Elio é simples e descomprometido e talvez seja essa vertente mais casual que me deixou muitas vezes a fazer grind em modo semi-automático enquanto via televisão sentado no sofá. O que me levou a alguns dias depois a derrotar o boss final das main dungeons, terminando assim a espinha principal do jogo.

Elio conseguiu divertir-me, ou aliás, entreter-me durante mais horas do que muitos JRPGs cheios de texto cliché e com igual dose de grind desenvergonhado. E para mim isso é suficiente por todo o tempo que lhe dediquei.