Realizou-se de 1 a 3 de julho a terceira edição do festival de videojogos ISMAI Legends. Com o Instituto Universitário da Maia como cenário, o festival trouxe perto de dois mil visitantes de todos os pontos do país para assistir e participar nos eventos distribuídos um pouco por todo o recinto, para todos os gostos e feitios.

 


As hostilidades arrancaram logo na sexta-feira, com a fase final do torneio ISMAI Legends, destinado a alunos do ensino secundário, a disputarem o primeiro lugar – e um prémio de 500€ – nos dois palcos do evento, na Summoner’s Rift de League of Legends e no grande palco que foi a RTP, através da plataforma RTP Play e do magazine RTP Arena. Este torneio marca os passos finais de uma longa caminhada com qualifiers Online entre escolas de todo o país, com vários milhares de jovens estudantes envolvidos. Da parte da tarde, arrancou aquele que poderia ser visto como o prato principal do evento, com as finais do primeiro Split da LPLOL, também de League of Legends a trazerem à Maia algumas das melhores equipas de League of Legends do país. Passos seguidos pelo torneio de Counter-Strike: Global Offensive Alientech Titans II, também a trazer à Maia algumas das melhores equipas nacionais num torneio offline. Paralelamente, outros torneios, de Pro Evolution Soccer, de Counter-Strike: Global Offensive (este aberto a equipas amadoras), de Hearthstone e outros… A ideia era abrir as portas ao mundo e trazer amantes dos eSports para um convívio rodeado de competições, diversões e jogos, muitos jogos.

Zona free-to-play, com jogos para todos os gostos e feitios



Sábado trouxe consigo novos pratos no cardápio: corridas de drones, realizadas nos jardins do parque exterior; Competições de Lego Mindstorm; Concurso de Cosplay; Ponto GameDev, um espaço dedicado ao mercado da criação de videojogos, etc.

Foi por este último que este vosso membro do galinheiro mais andou. Não é todos os dias que se tem a honra e o privilégio de privar com alguns dos elementos mais activos no emergente mercado nacional dos videojogos. O cartaz era de luxo, com João Jacob a fazer as honras da casa e a abrir com uma palestra sobre ferramentas para jogos Mobile procedimentais em Unity. O primeiro dos três membros presentes na sala dedicada ao VR subiu então ao palco para apresentar os seus projectos que deixaram em pulos um público muito, muito ansioso por novidades quanto ao VR.

João Jacob a dizer ao jovem que aqueles fantasmas são para matar com requintes de malvadez.

 

Seguiu-se Filipe Teixeira, da Miniclip, com uma abordagem ao Burnout e à Gestão de Projectos. Criar videojogos não é brincadeira. E o mercado é grande e exigente. Confundir a criação de videojogos com jogar os mesmos parece comum por águas lusas. Desenganem-se. É trabalho. E, como em todos os trabalhos, uma gestão criteriosa, capaz, inteligente de todos os recursos envolvidos é meio caminho andado para o sucesso. A ausência dela? Burnout. Desgaste. Fuga de talentos. You get the picture.

Antes do almoço, tempo para Jorge Manassés, da Bigmoon Studios, demonstrar a criação de uma personagem para videojogos, num momento mais técnico, também desejado por parte do público. Da parte da tarde, o holandês radicado em Coimbra Thomas Papa, da Mimicry Games, falou sobre os desafios do desenvolvimento para a plataforma VR, ele que também esteve a mostrar o seu ambicioso e inovador Maker from Below na sala dedicada ao VR. Seguiu-se Ivo Duarte, autor do The Inner Sea de que escrevemos aqui a antevisão. Tendo pisado grandes palcos no GameDev internacional, Duarte optou por seguir os seus próprios passos como independente e falou disso mesmo, de todo o percurso que The Inner Sea tem vindo a percorrer. Novamente um salto até uma palestra mais técnica, com Miguel Mendes, da Rapscallion Games a debater entre Custom Engines e outras ferramentas. De seguida, e para terminar o dia, um dos momentos mais esperados pela generalidade dos presentes, uma conference call com José Teixeira da CD Projekt Red. O português esteve “só” envolvido naquele que foi um dos jogos do ano de 2015, Witcher 3, e falou um pouco do seu percurso, dos métodos de trabalho de uma empresa que soube colocar-se na posição que tinha que assumir para crescer. E cresceu! José Teixeira terminou a conversa e o dia de palestras com um convite: vão visitar a Polónia? Avisem-no e ele trata de uma visita aos escritórios da CD Projekt Red, por onde vão tratando de Cyberpunk, um jogo a que, por aqui, já vamos estando muito atentos! A conversa colocou um ponto e vírgula no Ponto GameDev para sábado, mas a acção continuou pela noite dentro, com os torneios de eSports a prolongarem-se até perto das 23h e com os K1ck a vencerem o primeiro Split da LPLOL, numa renhida final por 3-2 com os FTW, e a arrecadarem 1000€ além do bilhete para a Dreamhack Valência.

 

 

O derradeiro dia do evento arrancou de forma informal no palco do Ponto Gamedev, com uma discussão em volta da mesa de pequeno almoço moderada por Ivan Barroso com Marco Vale, da Indot Studio, Ivo Duarte, da DSquare Games, Filipe Teixeira da Miniclip , Jorge Tavares, da Lampwave Studios e Luís Gonçalves Seco, do ISMAI, um dos principais organizadores e impulsionadores do evento. Foi uma conversa aberta ao público, interessante, franca, sem grandes barreiras ou caminhos definidos e que, sem se dar muito por isso, foi abocanhando o tempo disponível, tendo Rui Guedes, da Ground Control (também presentes na sala VR, com tech demos interessantes e a mostrarem um pouco daquilo que têm vindo a desenvolver, eles que lançaram já esta semana o primeiro jogo português para VR), cedido o tempo da sua palestra para que a discussão se mantivesse, perante o interesse de um auditório praticamente cheio.

Noutros pontos do ISMAI, iam começando a queimar-se os últimos cartuchos dos torneios Alientech Titans II, que viria a ser vencido pelos Ja’Vi, que arrecadariam assim os 1500€ do primeiro prémio, numa final contra os Team Alientech. No palco do auditório, a fase final do ISMAI Legends também ia decorrendo, com a equipa do Externato Cooperativo da Benedita a vencer pela segunda vez o evento e um cheque no valor de 500€.

Pelo palco do Ponto GameDev, entretanto, seguiu-se José Castanheira, ele que levou o seu Super Arrebenta Manos aos stands do evento, com uma apresentação ao GameMaker Studio, numa vertente técnica que agradou aos estudantes presentes na plateia. Seguiu-se Marco Vale, com uma Live Session sobre animação 2D em Unity, ele que levou o seu Shutix aos stands, para gáudio dos que por lá passaram e experimentaram o jogo, em fase de desenvolvimento, mas com muito, muito bom aspecto. Parece-nos um jogo fantástico para se jogar rodeados de amigos, numas noites entre as almofadas do sofá e uns copos por perto. Por aqui, estaremos atentos a mais novidades sobre o jogo!

 

4 gajos a guerrearem-se no Shutix

Após o almoço, tempo para Jorge Tavares improvisar uma palestra. Ele, que se encontra a desenvolver o seu Edotales Tactics, um jogo RPG táctico, com mecânicas turn-based com cartas que nos deixaram bastante interessados, ou não houvesse por cá gente que calcorreou vários cantos de card games, desde Magic: The Gathering a Hearthstone, passando por Kongai, Tyrant e afins. A palestra, informal e apelativa, cativou o público e suscitou uma interessante discussão perto do fim, sobre o empreendedorismo e a necessidade ou não, do marketing. Seguiu-se Pedro Brandão da Silva, da Sceelix, apresentando o projecto de geração procedimental a ser desenvolvido pela empresa, uma solução tecnológica interessante e com aplicações a ser descobertas de forma crescente e sucessiva.



Tempo depois para ver Diogo Teixeira e André Constantino, da Amplify Creations, eles que tinham o seu stand a abocanhar grande parte do público, muito graças ao vistoso Decay of Logos. A conversa foi interessante e começou pelo desenho de um plano de desenvolvimento e crescimento da Amplify Creations e desaguou no desenvolvimento do jogo que deixou inúmeros visitantes agarrados aos comandos enquanto outros, de pé fincado no chão, aguardavam a sua vez sem arredar pé. Sintomático. O jogo parece, de facto, estar a compor-se para algo com o selo de obrigatório.

O fim do evento trouxe-nos Patrik Lindkvist, da Ubisoft Massive, numa Skype Call sobre a cinemática em Tom Clancy’s The Division, com especial ênfase nos trailers e cutscenes, a encerrar com chave de ouro um Ponto GameDev de referência e que manterá a malta aqui do Rubber Chicken atenta aos projectos que dali advenham.

O ISMAI Legends, esse, demoraria um pouco mais a terminar, encerrando os torneios de eSports e o concurso de Cosplay.

“Sim, isto é a minha cor natural”



Foi um fim de semana em grande, recheado de actividades que são virtualmente impossíveis de cobrir e detalhar apenas por um galináceo. E isso é muito, muito bom!