Não é que eu me oponha aos early access. Não. Eu gosto. Tenho centenas de horas gastas em títulos early access como DayZ ou Prison Architect e não é coisa que sirva para lhes apontar o dedo. Se é bom, se traz coisas boas, venha ele. Deixem-me fazer parte do desenvolvimento, testar, dar as minhas ideias.
Mas as coisas nem sempre funcionam. Umas vezes os projectos em early access arrastam-se em demasia. Outras vezes terminam cancelados. Outras, espalham-se ao comprido e não fazem senão irar os que procuraram apoiar o projecto cedo demais, por não conseguirem nem jogar o jogo nem colaborar com o seu desenvolvimento, com a agravante de terem pago por isso.
https://www.youtube.com/watch?v=Ltn_fFUJspc
The Black Death, infelizmente, andará por aí. Reparem, eu estou preparado para um jogo numa fase early Alpha. Ando na fase Alpha do DayZ desde 2013 (DOIS MIL E TREZE!!! vai fazer três anos que o DayZ está em early access ALPHA! Ainda nem sequer é uma beta. Tem bugs, mas é jogável. E bem jogável! Tenho-me divertido largas horas por lá e qualquer dia escrevo sobre ele aqui), mas, dizia eu, ando na fase Alpha do DayZ desde 2013 e, se o faço, é porque dá para jogar. Dá para fazer coisas! Entro, jogo, vivo naquele mundo por umas horas e depois vou à minha vida.
The Black Death promete muito. Um Survival Game baseado na época medieval, em plena época da Peste Negra. Com gráficos apelativos e bem trabalhados, as screenshots agradam à primeira vista e forçam a compra a uma vista mais prolongada. Dá vontade de saltar imediatamente para aquele mundo e começar a construir lá a nossa própria história, numa espécie de Game of Thrones em que sabemos que iremos morrer mais cedo ou mais tarde, mas podemos criar nova personagem e recomeçar. E recomeçar. E recomeçar.
O problema é que é cedo demais, precoce demais, e The Black Death falha num critério que deveria ser obrigatório para todo e qualquer jogo em early access e pelo qual tenha que se pagar, ainda com o ónus de se testar e contribuir com todo o input possível para a melhoria e estabilização do jogo: The Black Death crasha. Muito. Demais. À data em que vos escrevo estas linhas, tenho 18 minutos de jogo. Estes 18 minutos de jogo estão divididos por 5 tentativas, todas elas culminadas com crashes para o ambiente de trabalho. Sim, os menus precisam de revisão porque parecem ter sido desenhados por Stewie Wonder depois de 3 shots de tequilla, sim, as animações de combate que consegui experimentar estão ao nível das de um Playmobil maneta e eu perdoaria isso tudo, bem como a falta de informação e feedback das nossas redondezas, se não houvesse uma mancha negra enorme a ocultar tudo isso: o jogo não me corre mais do que 4 minutos seguidos sem crashar para o ambiente de trabalho.
Aguardei um mês, dois, à espera de algum novo update ao jogo que estabilizasse a coisa. Não saiu. Escrevo-vos isto hoje, antes de desinstalar o jogo por, pelo menos, uns meses. The Black Death tem um aspecto que mostra trabalho. Tem um conceito que tem pano para mangas. Mas assim, ao querer abocanhar o mercado do early access sem estar minimamente preparado para tal, arrisca-se a afastar toda a sua potencial base de jogadores. Assim, saio, antes que a aversão seja total, e voltarei lá mais para o fim do ano.