Mais um jogo de zombies, mais um texto sobre zombies mas desta vez é diferente. Eu gosto de Dead Age. Se calhar é pelo estilo de jogo ser diferente, se calhar é porque o meu estado de espírito enquanto o estava a testar era propício para isso ou muito provavelmente porque têm estado imenso calor e qualquer coisa que me permita estar na divisão fresquinha onde tenho o PC parece-me muito melhor. Não faço ideia, só sei que ao fim de uns minutos e de ter morrido logo no segundo dia da primeira aventura tive uma sensação que ia gostar deste jogo.
Ainda numa fase muito inicial de Early Access, Dead Age não é o típico jogo de zombies e de sobrevivência. É mais uma espécie de FTL ou Out There, num ambiente de apocalipse dos mortos vivos.
Controlamos um jovem que procura a irmã perdida num acidente de carro enquanto fugiam do caos habitual do início da praga nestas obras de ficção. Às tantas voltas, durante o prólogo tutorial vamos parar a um acampamento onde é necessário fazer coisas para sobreviver. Procurar mantimentos e materiais de construção. Recolher produtos médicos, salvar sobreviventes, construir e gerir defesas, explorar os arredores e completar missões. Pensem em The Walking Dead, no fundo nós somos uma espécie de Rick Grimes e todas as nossas decisões têm consequências para nós e para o nosso grupo.
Rick não tem o melhor histórico de boas decisões na BD e ainda mais na série TV, portanto o objectivo é fazer melhor que ele. Mas isso não é fácil, pelo menos nas primeiras vezes que tentamos.
É fácil exagerar um bocado na exploração para tentar encontrar mais um pouco de materiais e perder algum membro do grupo, ou até o nosso personagem. É ainda mais fácil usar materiais em algo que no dia seguinte sejam obrigatórios para outra coisa. É fácil distrair e deixar acabar os mantimentos e perder membros do grupo por fome. Sobrevivência no apocalipse neste jogo não é à base de tiros, é à base de estratégia e medir bem as consequências dos nossos actos. Acima de tudo é saber sofrer com elas.
Excursões e lutas dão XP aos nossos personagens, além de materiais, ao subir de nível podemos atribuir pontos aos personagens e especializá-los. Aqui é que a minha mentalidade de sobrevivência entra em modo cruzeiro. A ficção (seja em cinema, literatura ou videojogos) dá-nos uma ideia muito heróica do apocalipse zombie, mas há duas coisas que a maior parte das pessoas se esquecem. A primeira é que muito dificilmente iriam conseguir sobreviver à epidemia inicial (se ela acontecer). A segunda é que se por obra e graça de qualquer poder divino consigam sobreviver essa primeira parte, estão todos *******! Porque praticamente ninguém sabe pescar, caçar, cultivar fazer ferramentas ou outro aspecto útil numa sociedade em que o capitalismo e a indústria automatizada falham.
Essa é a minha parte favorita de Dead Age o facto de poder especializar os nossos personagens e grupo em várias “profissões”, armeiros e ferreiros, médicos, colectores de comida, construtores. Coisas úteis. Podemos com esforço e muita sorte chegar a um ponto em que temos alguns membros especializados para trabalhos automáticos de subsistência do acampamento e outros mais proficientes em ataque para anda connosco em campo a caçar mortos vivos.
A parte de exploração não é má, com acontecimentos aleatórios interessantes que mantêm o aborrecimento dos combates à distância. Num estilo de combate por turnos à lá Final Fantasy os combates conseguem ser um pouco monótonos ao fim de algum tempo devido à constante repetição dos mesmos estilos de inimigos. Pode ser por ainda estar um Early Access, pode ser porque esse não é o foco principal de um jogo mais focado na gestão da sobrevivência, mas infelizmente é o maior ponto negativo dele.
Já vi vários jogos em Early Access que pareciam óptimos e desiludem quando acabados, já vi vários que pareciam uma porcaria e depois surpreendem pela positiva, é sempre um risco, mas por €14.99 acho que Dead Age é um bom risco.