Ah… jogos olímpicos, a prova máxima de supremacia humana, aquele campo de batalha em que 1 ser apenas se prova indiscutivelmente acima de todos os outros num momento histórico. Logo a seguir vem as discussões de Facebook por gente muito irada consigo própria. Muito perto, mas os olímpicos continuam à frente para já, mas já há negociações para insultos online serem uma modalidade para Japão 2020. Golf já é, porque não…
O tema de hoje é mesmo o atletismo, e das várias provas de atletismo temos que admitir que se a prova rainha é a maratona, o rei é a dos 100m. A caçada desta semana é precisamente sobre 3 jogos de velocidade, os chamados Speedrunners. Nenhum sobre atletismo propriamente dito mas todos com o mesmo intuito, chegar o mais rápido possível de A a B e repetir batendo o nosso melhor tempo e se possível o dos nossos adversários.
Tirando a base que os jogos têm em comum, o que os faz diferentes uns dos outros? Tudo!
Começamos por Alien on the Run para a 3DS.
Aqui começamos por controlar uma figura semi-antropomórfica que está presa numa espécie de laboratório de uma nave espacial. O nosso objectivo é fugir e para isso somos obrigados a passar por 80 rápidos níveis de speedrunning numa perspectiva top-down. Ora isto até pode parecer simples, e é até certo ponto. Os níveis iniciais de Alien on the Run são puramente para nos esquivarmos de campos de força e capturar outros para aumentar alguns segundos no nosso relógio.
O problema é quando avançamos para lá do tutorial e o jogo acrescenta itens mas sem explicar. Num twist muito old-school somos obrigados a enfrentar elementos sem saber o que fazer. O jogo força-nos a errar, perder e tentar de novo, constantemente até aprendermos tudo, é uma lufada de ar fresco. Um bocado violenta para alguns que não estão habituados a isso mas sem dúvida, refrescante.
Incluído na vasta lista de jogos da Nintendo 3DS é um jogo perfeito para pequenas incursões, especialmente nos caminhos casa-trabalho, trabalho-casa, ou como um limpador de palato entre outros jogos “maiores” valendo totalmente os seus €4.99
https://www.youtube.com/watch?v=5j3cQ0-SfQo
De alguém que quer sair de onde está, passamos para SEUM: Speedrunners from Hell controlando alguém que vai para um local de onde toda a gente quer sair.
Neste controlamos Marty um tipo porreiro que está a tentar relaxar quando alguns demónios entram em casa dele e durante a luta ele perde o braço. Pior que isso, roubam-lhe a ultima grade de cervejas de trigo. Marty faz aquilo que qualquer pessoa decente faria, coloca o braço de um demónio a substituir o seu perdido e vai ao inferno buscar as suas cervejas.
Num ambiente retirado de Quake III, somos forçados a enfrentar níveis de plataforma em First–Person cujo objectivo é chegar ao portal no final. De início é bastante simples sendo os maiores obstáculos saltar algumas plataformas. Com o avançar do jogo, bolas de fogo vindas da nossa mão demoníaca têm que ser habilmente certeiras. Controlo de gravidade, teleporte e outras capacidades são acrescentados ao nosso leque tornando os desafios cada vez maiores. Muitas vezes é difícil chegar ao portal, quanto mais chegar lá no tempo limite.
SEUM: Speedrunners from Hell, obriga o jogador a errar bastantes vezes e repetir o seu jogo, óptimo em pequenas doses mas cansativo para longas jornadas é uma óptima companhia para metaleiros e não só. €14.99 é um bom preço mas não para todos. Fãs absolutos do estilo paguem que não se arrependem. Para os outros há uma demo grátis, testem antes de comprar.
E para acabar Ninja Pizza Girl.
Começamos ao contrário, pela parte técnica: Dos três desta caçada é o que eu considero o mais puro. Todos nós temos concepções imaginárias de jogos, algo que nos vem à cabeça assim que falam num estilo. Quando me falam em Speedrunners a minha imagem do jogo é a deste: Jogo de plataformas 2D ou 2.5D, no qual o objectivo é ir de A a B da forma mais fluída possível.
Ninja Pizza Girl oferece precisamente esse aspecto, combinando o objectivo das entregas de Pizza com uma espécie de Parkour / Free running , por andaimes, plataformas e ruas escuras.
De todos é sem dúvida o mais puro, mas também é o que mais me surpreendeu, pois é o mais complexo. Speedrunners não são um estilo de jogo que se foque no enredo, mas este sim. Gemma tem 16 anos, e enquanto estamos a correr de um lado para o outro (ou para ser mais preciso entre as corridas) enfrentamos os problemas da adolescência actual, coisa que muitos de nós não passaram nos dias de hoje, desde amizades, relações familiares e até a publicação das suas humilhações por bullies online, e pormenores como comprar roupa ou maquilhagem para animar a disposição de Gemma, dão um maior sabor ao jogo.
Podia ser algo completamente banal e mesmo assim justificar o seu preço de €9.99, mas tendo em conta a jogabilidade e profundidade do enredo para quem quiser lá mergulhar vale totalmente o preço.
Observações finais: Speedrunners não são, de longe, o meu estilo favorito de jogos, nem os que consigo jogar melhor. Um dos objectivos principais, e que todos os três conseguem, é o seu valor de replay. São aqueles jogos que nos dão vontade de voltar a fazer os níveis vezes sem conta para tirar aqueles centésimos de segundo ao nosso tempo. Infelizmente isso não é para mim, não que não seja competitivo, mas infelizmente devido a uma lesão a mobilidade do meu braço e mão esquerda são reduzidas, o que num jogo destes sendo a que controla movimentos e direcções todas as desvantagens são cruciais. Pensem no Usain Bolt fazer os 100M esta semana mas com um braço ao peito, consegue correr mas não consegue correr tão bem como se tivesse em topo de forma.
Dito isto, qualquer um dos jogos fizeram-me esforçar para conseguir melhores tempos e melhores resultados, são bons o suficiente para me obrigarem ignorar e tentar passar um limite algumas vezes doloroso fisicamente quando os testava. Acho que essa é a melhor avaliação que lhes posso fazer.