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Quando se fala em jogos nos dias de hoje, espera-se sempre ouvir falar de videojogos, porem a realidade nas ultimas décadas foi alterando e uma indústria mais antiga tem voltado a aparecer por entre as cortinas. E essa indústria é a dos Jogos de Tabuleiro (Board Games).

Tanto os jogos de tabuleiro como os videojogos têm potenciais de desenvolvimento cognitivo e social fantásticos, promovendo ambos formas de construirmos e representarmos a realidade em que vivemos, com todas as capacidades que isso requer.

Os jogos de tabuleiro – em particular – diferem-se dos videojogos por estes não necessitarem de estar presentes numa realidade virtual, sendo jogos presenciais na realidade “física”. Outra das componentes é que estes requerem sempre a presença de outros jogadores, sendo na sua grande maioria jogos extremamente socializantes.

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Este tipo de jogos (dos quais os mais conhecidos, o Monopoly, Risk, Scrabble, Trivial Pursuit, etc.) tinham sido bastante “dizimados” pelo aparecimento das novas tecnologias, fazendo dos videojogos os jogos preferidos da população jovem, porém as novas tecnologias trouxeram também estratégias para melhorar os jogos de tabuleiro, criando designs, materiais, modelos de jogo e facilidades de publicidade e envio mais apelativas (Impressão 3D, envio de jogos mais rápido, Youtube, etc.). Lembremo-nos que há 10 anos atrás os jogos de tabuleiro não tinham sequer manuais a cores. Sendo assim o investimento aumentou em grande escala nos últimos anos para a melhoria deste tipo de jogos, tendo havido um grande poder de adaptação desta industria à atualidade.

Além disso, de momento há jogos de tabuleiro para todos os gostos: os de estratégia competitiva (ex. Catan), os mais sociais (ex. Cards against humanity), os de estratégia cooperativa (ex. Forbidden Island), os de Roleplay puro (Ex. Dungeons and Dragons), os que têm o objectivo de iludir os parceiros de jogo (Ex. Resistance) e os que são mistos em várias destas áreas (Ex. Betrayal at the house on the hill). A variedade de tempo existente neste tipo de jogos é também enorme, existindo jogos que duram muito tempo até terminar e aqueles que em 15 minutos estão terminados.

Podemos assumir que o investimento das empresas em jogos de tabuleiro mais apelativos pode ter sido um dos motivos para que a venda deste tipo de jogos tenha crescido 20% cada ano na ultima década. Além disso, no Website Kickstarter o dinheiro investido em jogos de tabuleiro superou em 7 Milhões o dinheiro investido nos videojogos, sendo criados anualmente entre 2000 a 5000 jogos de tabuleiro.

O que pode ter levado ao crescimento desta cultura dos board games, além do maior investimento das empresas nos jogos?

– A moda do ser “Nerd” ou “Geek”

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A verdade é que a cultura geek está na moda. Hoje em dia séries e filmes, nomeadamente a reconhecida e famosa série Big Bang Theory, (na qual as personagens se encontram constantemente a jogar jogos de tabuleiro) e a própria sociedade promovem a cultura pop, o ser nerd e geek como algo “engraçado” e  mais positivo do que antigamente, tendo sido fomentado o gosto por esta cultura, que não engloba apenas os jogos. O crescimento cultural nesta vertente poderá ter ajudado a fomentar um maior gosto pelos jogos de tabuleiro, promovendo-os de modo crescente.

– O aparecimento da Série de Youtube TableTop

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O aparecimento do Youtube para promover os jogos de tabuleiro, com séries como o TableTop apresentado pelo ator Will Wheaton no canal Geek & Sundry, em 2012, trouxe também um enorme sucesso a esta industria. Existe já desde 2013 o Dia Internacional do TableTop, no qual várias pessoas convidadas e relativas ao programa Tabletop realizam uma stream de 24 horas a mostrar jogos de tabuleiro, via twitch, estimulando também as pessoas de todo Mundo a criarem eventos de jogos de tabuleiro com o nome TableTop.

– Nostalgia 

Quem não se recorda de jogar à mesa com a família e amigos jogos como o Monopoly, Cluedo ou outro? Os jogos de tabuleiro eram no passado os primeiros jogos que eram apresentados para jogar em família e isso traz recordações e motiva as pessoas a quererem jogá-los no presente. Somos seres que repetimos aquilo que nos dá prazer e por isso mesmo boas lembranças do passado podem motivar as pessoas a voltar a este hábito.

– Contacto Pessoal

Numa sociedade cada vez mais virtual, induzida pelas redes sociais, etc. penso que está a voltar a existir uma procura de estratégias para criar o contacto pessoal. Uma boa forma de o fazer é realmente através dos jogos de tabuleiro, sendo estes um modo interactivo de reunir pessoas de todos os contextos, realizando uma actividade que tanto promove o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais como também uma componente bastante lúdica e divertida.

Deste modo, como psicóloga, considero que tal como os videojogos, este é um tipo de jogabilidade que tem qualidades bastante positivas no desenvolvimento cognitivo e social, sendo uma actividade diferente para quando se está em grupo presencialmente. Claro que tal como nos videojogos, cada jogo irá desenvolver habilidades distintas, porém acho que a grande mais valia dos jogos de tabuleiro é realmente o contacto presencial que se tem com os outros jogadores, promovendo o contacto visual, uma maior auto-confiança num ambiente social e um maior conhecimento integral das pessoas com quem nos relacionamos (por estarmos presencialmente com estas). Tal não significa que o contacto virtual também não seja positivo, porém é um tipo de contacto social diferente, sendo ambos relevantes no nosso desenvolvimento social enquanto indivíduos.

Deixo-vos em baixo alguns links para conhecerem o Mundo dos Jogos de Tabuleiro:

Referências:

http://www.nytimes.com/2014/05/06/technology/high-tech-push-has-board-games-rolling-again.html?_r=0

https://infogr.am/board_game_statistics

https://curiousmatic.com/7-facts-prove-board-games-alive-thriving/

http://www.theguardian.com/technology/2014/nov/25/board-games-internet-playstation-xbox