Em 1950 Alan Turing criou um teste, que de um modo muito simplista se pode dizer servia para avaliar Inteligência Humana e Inteligência Artificial, ou seja algo que nos permite reconhecer o ponto em que a “máquina” pensa por si própria ou ainda está a seguir o caminho que foi programado pelo seu criador, por mais ou menos informação que tenha sido colocada na dita inteligência, é esse o limite do Teste Turing.
Hoje em dia esse teste está muito próximo de ser batido, seja por criação voluntária de um professor que conseguiu que os seus alunos não reconhecessem que a professora assistente que lhes respondia era um na realidade um bot. Ou o bot da Microsoft que foi alimentado por tanto ódio na internet que se tornou… ah… extremista.
Tudo isto leva-nos a The Turing Test, acabado de lançar em várias plataformas incluído PC, e testado na sua versão XBOX ONE para este artigo. Para ser sincero nunca tinha ouvido falar deste jogo até ele me ser fornecido para análise na semana passada, e devo dizer que fiquei um pouco chateado comigo mesmo porque não é o tipo de coisa que eu deixasse passar ao lado há uns anos atrás. Talvez porque desde que comecei a escrever para o Rubber Chicken que deixei de procurar activamente por jogos devido à quantidade massiva de notícias e lançamentos que são postos à minha frente, alguma coisa teria que ficar para trás.
The Turing Test, criado pela Bulkhead Interactive e distribuído pela Square Enix, conseguiu cativar-me apenas pelo conceito, mesmo usando um estilo de jogo, que detesto.
Ava Turing (o jogador) é enviada para Europa, uma das luas de Jupiter onde se perdeu o contacto com a equipa que estava sediada na estação e teremos que enfrentar vários problemas e enigmas em todas as salas até chegar aos mesmos como nos informa Tom, a inteligência artificial que controla a estação, com o seu tom de voz altamente familiar.
De acordo com ele, as salas contêm enigmas que ele não consegue resolver pois apenas a mente humana os consegue decifrar. A equipa criou um labirinto de problemas, por alguma razão a decifrar pelo jogador, para garantir que nenhuma máquina conseguiria chegar até eles, os titulares Turing Tests.
E é aqui que o jogo chega ao seu pico, cada problema gradualmente mais complexo permite ao jogador esforçar a sua mente. Mas é apenas com o engenho e arte humanas que é possível resolver os mesmos. A tag line do jogo é “Trust your instincts” e é isso mesmo que temos que fazer para passar os testes em cada sala pois ao contrário de outros jogos de puzzle no mercado não há pistas absolutamente nenhumas, cada enigma é individual na sua área e não existem dicas, imagens, textos ou nenhuma indicação da sua solução. Todas as soluções, umas mais fáceis que outras, são totalmente possíveis de alcançar, mas é sempre preciso pensar um pouco nelas e muitas vezes ser simplesmente intuitivo.
Numa perspectiva de primeira pessoa, com uma qualidade gráfica muito superior ao que estava à espera o jogo é extremamente belo visualmente, os ambientes limpos numa palete branca e cinzenta dão um aspecto quase 2001: A Space Odissey a todo o jogo que combinado com uma brilhante sonoplastia (ou em muitos casos a ausência dela) conseguem dar o melhor ambiente para a resolução dos enigmas onde muitas vezes o sentimento de solidão e isolamento daquelas salas virtuais começa a tornar-se claustrofóbico e quase invade a divisão em que jogamos numa mescla de realidade e fantasia.
A utilização de uma “arma” que controla bolas de energia para resolver alguns dos problemas pode dar ao jogo uma conotação de ser uma cópia de outros semelhantes, mas eu acredito que é mais uma questão de inspiração e homenagem do que de cópia descarada.
Por €19.99, The Turing Test peca apenas num aspecto que é o de falta de factor de repetição pois uma vez resolvidos os enigmas, uma segunda passagem pelo jogo serão totalmente supérfluas a não ser para escolher uma opção alternativa no final do jogo. Mesmo assim, na primeira ronda o jogo deve render um mínimo de 6 horas o que aliado à beleza gráfica torna o seu preço totalmente justo.
