Antes de mais vou já avisar que este artigo vai atrasado porque me custou bastante não só a escrever como a jogar F1 2016 que tem estado lá em casa há algumas semanas. Eu não sou um fã de F1, quando era miúdo até gostava mas se calhar porque não tinha muito mais hipóteses nos anos 80 e 90 tendo em conta que não existiam muitos canais e domingos eram dias de F1, nomes como Gerard Bergher, Nigel Mansell, Nelson Piquet, Alain Prost e Airton Senna preencheram muitas tardes a brincar em pistas feitas com lápis de cor e tampas de caricas da Frisumo e Sumol.
Mesmo nesses anos nunca fui muito adepto de desportos motorizados, nem no que diz respeito ao visionamento televisivo nem no que diz respeito a jogos de vídeo. Sim, joguei muitos jogos de corridas, mas também joguei dos X-Men e não sou fã das BD, uma coisa não implica a outra, e um jogo de F1 é algo muito específico, é quase um jogo de nicho. É um nicho gigantesco que move milhões de pessoas, e quantias exorbitantes de dinheiro, mas não deixa de ser um nicho. Os jogos de corridas também são um nicho, também movem milhões mas há vários tipos de pessoas para agradar, algumas gostam de mais realismo, precisão e táctica como os simuladores de F1, e outros gostam de algo com uma sensação mais arcade como um Need For Speed. Em que categoria me enquadro? Digamos apenas que o último jogo de F1 que tive tinha este aspecto:
Vou deixar-me de nostalgias, e fazer aquilo que as minhas obrigações me pedem que é falar sobre F1 2016 da Codemasters, lançado há algumas semanas para PC, Xbox One, e PS4.
Existem as hipóteses de fazer uma corrida rápida e outros modos de jogo mas tudo é centrado no modo carreira. Vamos ser sinceros se vão comprar F1 2016 para a corrida ocasional, mais vale irem para outras paragens, é o mesmo que comprar uma casa à beira-mar para passar um fim-de-semana de dois em dois anos. Neste modo de carreira passa-se tudo e mais alguma coisa, a Codemasters decidiu dar aos fãs uma perspectiva aprofundada, na medida dos possíveis, do que é ser um piloto F1 e do que é fazer uma carreira na indústria. Depois de criar o nosso avatar, desde nome, cara e até capacete e número, vamos sendo levemente introduzidos no maior desporto motorizado à face do planeta. Desde o agente aos engenheiros tudo está ao nosso alcance, e é com todos estes aspectos que podemos trabalhar para atingir os nossos objectivos pessoais e de equipa.
Quando eu digo que podemos trabalhar é porque toda a dificuldade é regulável, até podemos deixar o carro indestrutível e com uma condução quase automatizada com tantos auxílios que tem. Mas não é para isso que se compra F1 2016. Faz tanto sentido como comprar um iate para o ter em doca seca. A chave do jogo é a simulação. Simulação de carreira, onde podemos escolher qualquer uma das equipas, e simulação de condução, onde nos podemos conduzir como quisermos.
Utilizando os apoios todos e mais alguns no Bahrain, torna o jogo aborrecido. Antes de me acusarem de sacrilégio, reparem que eu não costumo jogar isto, então tive que ir fazendo testes de destreza e ir tirando as rodinhas aos poucos, tal e qual como quando se aprende a andar de bicicleta. Fiz isto porque me armei em campeão e tentei fazer o Grande Prémio da Austrália sem auxílios automáticos e espetei-me literalmente na primeira curva. Aqui é que está uma das dificuldades de F1 2016, o afinamento, não só do nível de simulação mas também do carro, e para isso podemos contar com uma parafernália de dados e esquemas e tabelas que nos podem ajudar a escolher todos os preciosismos técnicos do nosso monolugar.
Na condução em si, quando achamos aquele ponto preciso da nossa autonomia e do automatismo do sistema, está na hora de atacar o asfalto e meter os pneus a rodar, e mais uma vez temos que encontrar o ponto perfeito. Dá um prazer incrível fazer algumas voltas e ir tirando centésimos de segundo à anterior, cada vez criando uma linha de passagem mais rápida, mais eficaz, e depois ver que estamos no final da tabela porque escolhemos a Toro Rosso para ter um desafio e o nosso carro é quase uma porcaria tão grande como eu a conduzi-lo. Mas para todos os efeitos oficiais a culpa foi do carro e das algas.
Graficamente não tenho nada a apontar a este jogo, sem problemas absolutamente nenhuns na versão Xbox One que usei para testar, contudo tenho que dizer que todos nós sabemos que um PC é sempre superior a uma consola no que diz respeito a gráficos se tivermos uma máquina construída para isso (muito semelhante à construção de um carro de competição), portanto não tenho dúvidas que terá muito melhor aspecto no PC.
Ao fazer a avaliação deste jogo fui chegando à conclusão que me falhava o conhecimento prévio vindo do facto de eu não ter jogado os anteriores, devido a isso pedi ao meu colega Alex R. que é o maior fã de F1 (real e simulado) que conheço para dar algumas opiniões acerca de como este se compara ao seu antecessor. Resumidamente ele diz que este jogo é magnífico, os gráficos são ligeiramente melhores que 2015 e a jogabilidade consideravelmente superior, mas que não era difícil porque o anterior era muito sensível. Elogia também o regresso de Co-op Championship, os modos de jogo e as configurações de carro até ao mais ínfimo pormenor. Isto vale o que vale, mas eu confio em quem compra um jogo de uma série todos os anos.
É com a nota do Alex que eu vou acabar este artigo dando duas avaliações ao jogo: se são fãs de um tipo de jogo mais arcade, e mesmo gostando de F1 não querem estar de comando na mão durante horas, e fazer afinações milimétricas no vosso bólide, não comprem F1 2016.
F1 2016 é um jogo obrigatório para fãs, para aqueles que já gastaram uma quantia considerável num set up com volante, pedais, capacidade de processamento para correr em ultra, e para aqueles que gostavam de o fazer mas não podem por razões que são suas. F1 2016 é para quem quer estar 90 minutos por corrida em frente ao ecrã perseguindo uma carreira até se tornar uma lenda.
Pode parecer um bocado estranho eu dizer que a maioria do jogadores que não são fãs de F1 não devem comprar este jogo, contudo ele é um produto de nicho. Pode ser um nicho enorme, mas é um nicho e não vai agradar muita gente fora dele.