Do Cabaret para o Convento 2, ou como quem diz, dos board games para o telemóvel 2

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A nossa paixão por board games é perfeitamente palpável, entre o artigo que a Maria João publicou a semana passada sobre as razões psicológicas que ela considera relevantes para o crescimento deste mercado, passando por um artigo em que falamos no Observador sobre a nossa peregrinação anual à Lisboacon e sobre o fenómeno Catan, há muitos artigos que têm servido de auto-incentivo para nos debruçarmos neste mercado que nos é tão querido. Mas no artigo de ontem sobre Heroes of Normandie esqueci-me de referir uma questão curiosa sobre a facilidade que estas recentes traduções de board games para mobile têm (para além da questão financeira): a portabilidade.

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Agricola, do genial game designer Uwe Ronsenberg é sem dúvida um dos jogos mais bem avaliados da última década. E bastam apenas algumas partidas para perceber o porquê.

Lançado uns meros dois anos antes do mundo ser arrebatado por outro jogo (neste caso videojogo) com contornos agrícolas, Farmville, eram o simpático jogo de tabuleiro tipicamente europeu que causava as delícias de muitos grupos de amigos. Foi, invariavelmente, o nosso caso.

Agricola é um jogo simples em cada jogador tenta desenvolver o seu agregado familiar rural do Séc. XVII o melhor que conseguir, tentando alcançar avanços e crescimentos para a sua quinta e produzir mais do que os concorrentes. Para além de ser um jogo mecanicamente equilibrado e muito desafiante, é um óptimo caso de aprimorado game design (não é por acaso que recebe o aclamado Spiel des Jahres para jogo mais complexo) por ser igualmente divertido jogado sozinho ou até cinco jogadores. O que significa que durante o tempo em que eu e a minha mulher tivemos o jogo emprestado na nossa casa recém comprada acabávamos por fazer uma partida um contra o outro enquanto conversávamos e bebíamos café.

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Acredito que para além da senda de continuar o sucesso de Agricola e imaginando um jogo dentro do setting que incluísse uma vertente de jogo curto mas direccionado apenas para duas pessoas é que Rosenberg desenvolveu em 2012 Agricola: All Creatures Big and Small que nos chegou agora ao mercado de iOS através da Digidiced.

Com um tempo de jogo mais curto, Agricola: All Creatures Big and Small dispõe apenas de 16 turnos para que os dois jogadores conseguiam desenvolver a sua criação de animais, batendo literalmente aos pontos a quinta vizinha.

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A chegada de Agricola: All Creatures Big and Small ao iPad permitiu-nos poder trazer um jogo divertido para férias, ultrapassando as questões logísticas da montagem e o meu pavor patológico de poder perder algum componente de um jogo de tabuleiro fora de casa. mas acima de tudo provou ainda mais, pela não-necessidade de setup, de alicerçar este belíssimo jogo competitivo como uma das experiências curtas mais interessantes para jogar a dois.

E a melhor notícia é que existem planos da Digidiced para trazer ainda mais jogos de Rosenberg (e quiçá de outros game designers) para o conforto dos nossos iPads.