Caçada semanal #42
Não pensem que à semelhança de outra galinha que analisou um jogo indie sob o efeito de LSD, que eu esta semana para apimentar a Caçada Semanal tenha decidido seguir pelo mesmo caminho. Longe disso. Mas a tónica dos 3 indies desta semana parece que nos levam a pensar em estados de consciência alterados, seja a jogá-los, seja a imaginar como decorreu o processo criativo.
Diaries of a Spaceport Janitor
Diaries of a Spaceport Janitor, um dos mais recentes jogos publicados pela editora tinyBuild é um título perfeitamente descritivo daquilo que é. Numa época em que os apelidados walking simulators (sobre o qual o Kill Screen escreveu um brilhante artigo) começam a ter um pequeno travão no desenvolvimento (infelizmente, diria), dando lugar a milhentos survival games facsímilados, Diaries traz-nos um jogo de exploração narrativa no qual controlamos uma alienígena que trabalha como empregada de limpeza num porto espacial.
(Eu sei que a explicação é redudante tendo em conta que qualquer pessoa que leia e perceba inglês consegue inferir algo a partir do título).
Diaries surge como uma espécie de antítese dos jogos de aventura, visto que na prática não há maneira de ganharmos nem de perdermos: o objectivo deste jogo é apenas ser explorado. Isto, é claro, enquanto apanhamos e incineramos lixo alienígena. Enquanto o fazemos vamos conhecendo um pouco deste mundo estranho, colorido, alienígena, e estranhamente delirante, em que a bi e a tridimensionalidade andam de mãos dadas num efeito bizarro que encaixa na perfeição com o tom not game estabelecido pelo estúdio Sundae Month.
Clustertruck
Depois da experiência de Diaries of a Spaceport Janitor, acredito que o mais próximo que existe entre a actividade altamente criminosa de saltar do tejadilho de carros em movimento sobre o efeito de estupefacientes deve ser algo como este Clustertruck.
Um twist interessante do modelo de platformers na primeira pessoa, visto que os muitos camiões que representam as “plataformas” são uma espécie de lemmings a andar sempre em frente sem grandes critérios de auto-preservação, o que torna este exercício a alta-velocidade em algo digno de um herói de filmes de acção. Sob o efeito de drogas é claro.
Num jogo que vive de um conceito estranho, há dois elementos que merecem todo o destaque: a aplicação de habilidades desbloqueáveis e o level design. Este segundo, como podemos ver pelos screenshots e pelo trailer são verdadeiramente diferenciadores e trazem uma diversidade e uma curiosidade a um jogo que tinha tudo para falhar, mas não falha.
Aproveitando as palavras do Pessoa, Clustertruck primeiro estranha-se, mas depois cede-se à loucura, ao caos e à alta velocidade de andar a correr de atrelado em atrelado por mundos dignos de um videoclip de The Doors.
Mushroom Wars 2
À primeira vista aqui o trocadilho poderia ser a inclusão dos cogumelos no título e nos protagonistas mas não é. Lembro-me antes das alucinações que tive depois de ter comido mexilhões estragados, e a forma como o meu corpo rapidamente quis expeli-los. Mas isso é conversa para outro dia.
Meses depois de falarmos do primeiro Mushroom Wars, é altura de falar da sequela, já em Early Access no Steam. Com esta rapidez a série parece estar a fazer jus à máxima popular de “aparecerem tipo cogumelos”.
Mushroom Wars 2 apresenta logo uma evolução gigantesca do seu antecessor, especialmente a nível visual. Se o primeiro jogo tinha um ambiente e uma definição visual mais ajustada ao mercado mobile, este segundo MW deu um passo em frente e apresentou uma evolução artística tremenda, deixando antever um jogo de estratégia em tempo real virado para o multiplayer.