Hoje trago-vos algumas questões: haverá tantas raparigas como rapazes a jogar videojogos? Será pertinente considerar-se que as raparigas não gostam de videojogos? É aquilo que iremos ver!

Afinal quantas raparigas jogam videojogos?

Segundo o mais recente relatório da Entertainment Software Association na América, 41% dos jogadores de videojogos em 2015 eram mulheres. Já num estudo conduzido em 2014, foi revelado um valor de 52% raparigas gamers na Inglaterra. É verdade! A quantidade de jogadores do género feminino aproxima-se da quantidade do género masculino e este é um facto que ainda surpreende muitos, principalmente quando as mulheres são ainda vistas com uma atitude bastante discriminatória no Mundo do Gaming (algo que ficará para outro artigo). Este grande peso leva-nos a pensar que não é por acaso que a indústria de videojogos tem vindo a aplicar estratégias para cativar o público feminino e compreender melhor o que agrada a este. Porém existiu também, ao longo dos últimos anos, uma maior percepção dos videojogos como um Mundo que não é apenas dos homens (algo desde o inicio estereotipado), algo que agora os números comprovam. 

Foi ainda revelado que a média de idades das raparigas é de 44 anos na América, sendo que uma grande percentagem destas com 18 anos ou mais (38%) representa uma maior percentagem que os jovens de sexo masculino com 18 anos ou menos (18%).

Dadas estas informações, fará então sentido dizer que as raparigas não gostam de videojogos? Não de todo, pelo contrário. Mas será que gostam do mesmo tipo de videojogos que os rapazes? É aquilo que iremos ver.

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Haverá videojogos para ambos os sexos?

Ao longo do tempo a nossa sociedade foi cultivando culturalmente diferenças bastante marcadas tanto a nível educativo como ao nível de estereótipos de ação para ambos os sexos. Sempre esteve presente a ideia de que uma criança com determinado sexo deve ter comportamentos relativos ao género a que este corresponde, no entanto nem sempre o desenvolvimento dos acontecimentos se processa dessa maneira, não sendo assim tão previsível o comportamento que a criança ou o jovem vai expressar. Além disso, hoje em dia existe uma maior e mais livre expressão dos comportamentos de género independentemente do sexo, apesar de muito ainda existir a melhorar no comportamento educativo.

Será então pertinente dizermos que os estereótipos incutidos culturalmente afetam a escolha dos videojogos por parte de rapazes e raparigas?

Nick Yee e Nicolas Ducheneaut realizaram um estudo de análise de dados com mais de 220 000 participantes com o objetivo de compreender as motivações dos gamers para jogar determinado tipo de jogo. Ao realizarem a comparação entre rapazes e raparigas chegaram à conclusão de que apesar das diferenças não serem muito significativas, os rapazes demonstraram uma maior preferência por videojogos de Destruição (jogos que continham armas e algum caos), Desafio, Competição, Excitação (jogos de ação rápida, surpresas e algum nível de ansiedade) e Estratégia (jogos que possibilitem pensar “mais à frente” e tomar decisões ponderadas). Já as raparigas demonstraram uma maior preferência por jogos que promovam a Fantasia (poderem ser outra pessoa ou sentir estar noutro sítio), o Design (poderem criar, personalizar e adaptar o jogo ao seu gosto), a História (conhecer personagens interessantes e histórias cativantes) e por fim o sentimento de Completude (o sentimento de cumprimento das missões e de chegada ao fim dos vários desafios).

Estes dados concluem que de facto os estereótipos de género ainda têm algum papel na escolha dos videojogos por parte dos rapazes e raparigas. Ainda assim, é relevante compreender que esta diferença não foi significativa, garantindo que há muitas raparigas e rapazes a gostarem do mesmo tipo de jogos. Não é então o sexo ou o género que nos tornam previsíveis na escolha de um videojogo e é sempre possível acontecer um rapaz poder jogar com a sua namorada ou amiga um jogo que ambos gostem.

Concluindo é importante considerar que pensar que não faz sentido falar com as rapariga sobre videojogos ou mesmo e-Sports pode ser de facto uma falácia que parte de um estereotipo.  O que é certo é que as raparigas vieram para ficar no Mundo dos videojogos e que também elas podem dar e dão o seu contributo, fazendo parte deste Mundo em tão grande quantidade como os rapazes e com o mesmo gosto pelo Gaming que os mesmos. Deste modo deixa de fazer sentido muitos dos estereótipos ainda existentes relativamente à presença das raparigas neste Mundo.

E agora que vos pus a pensar, quem sabe um convite para jantar com uma rapariga que gostam não pode terminar numa partida de videojogos em conjunto?