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Há jogos dos quais gostamos, há jogos que não, há jogos que adoramos e sabemos porquê, outros que odiamos pelas mesmas ou outras razões, e quem diz jogos, diz livros, filmes, música, comida, coisas em geral, pessoas em particular. E depois há os outros, que nos deixam com o que os ingleses chamam muito eloquentemente mixed feelings.

Mixed feelings é exactamente como me deixa este Reus da Abbey Games editado agora para Xbox One (versão usada para teste) e PS4 uns três anos após o seu lançamento original em PC.

O conceito de Reus é engraçado e tem bastante potencial. O meu factor favorito é o das imagens, usando um aspecto muito limpo e cuidado mas não muito detalhado quase como um desenho animado feito em cartão, mas não daqueles artísticos do Vasco Granja.

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O conceito do jogo, toda a ideia por trás dele está colado no segundo lugar, daqueles que tem que se ir a photofinish e mesmo assim levanta dúvidas. Num planeta novo e provido de vida controlamos gigantes. Eu diria mais do que isso controlamos os elementos (mais ou menos) encarnados nuns titãs e é a nossa função é dar vida ao planeta através deles. Obviamente muito mais complicado do que parece. Tudo nasce da Água, mas depois combinando com Rocha, Floresta e Pântano a vida começa a florescer por si própria e é aqui que entra a parte complicada deste jogo de estratégia teológica.

Porquê estratégia teológica, perguntam vocês?

Porque soa erudito e culto e um pouco paternalista mas não quer dizer nada, respondo eu.

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Fora brincadeiras, porque no fundo somos um deus, ou deuses e podemos controlar os elementos, criar oceanos e montanhas e florestas e desertos onde floresce a vida. Podemos dar alimentos aos seres humanos que habitam o nosso planeta, ou podemos dar-lhes os recursos naturais para eles os recolherem mas, ao contrário de algumas divindades em algumas religiões é aí que está traçada a nossa fronteira. Nós não podemos interferir directamente na civilização que cresce ali, não podemos fazer mais do que acenar numa direcção ou abrir um caminho, são eles exercendo o seu livre arbítrio (através de um algoritmo qualquer feito na programação) que fazem o que querem.

O maior problema de Reus, já é semelhante a outros jogos do mesmo estilo e que eu já mencionei aqui, não me entendo com os comandos. Há estilos de jogo que conseguimos jogar com analógicos e outros que eu não consigo aceitar como funcionais com o mesmo. Reus é um deles.

Tirando o interface pouco funcional não tenho muito a apontar de negativo em Reus, e daí os meus mixed feelings. Por um lado gosto da ideia apesar de quando uns povos mais idiotas decidem atacar outros apesar de tudo o que lhes providencio estragando assim o meu projecto utópico e me obrigam a destruir tudo e começar de novo, mas por outro os comandos conseguem estragar quase toda a minha experiência.

Acho Reus um bom jogo, para PC. E é isto.