Indies de tiros há aos pontapés. Até podia dizer que há aos … coiso… cena… (inserir trocadilho com qualquer coisa relacionada com armas e/ou explosivos quando me lembrar de um).
Bem… hoje vamos tratar de dois pequenos jogos que foram recentemente disparados para o Steam. Um deles é Rocket Riot da Codeglue. Um port de um jogo lançado na outra casa dos indies generalistas que é a Xbox One.
Rocket Riot é um Shoot’em up de arcada, existe uma história totalmente ignorável numa espécie de banda-desenhada animada. O que é que este jogo tem que possa pedir o valor que pedem por ele?
Pouca coisa disfarçada de muita. Rocket Riot anuncia mais de 200 níveis e mais de 300 personagens. O que até podia ser um bom chamariz, mas como qualquer chamariz habitualmente é apenas uma amostra do que realmente nos espera. Tipo aqueles time-share que muita gente fez nos anos 90 e ainda estão a pagar sem poder usufruir.
Sim, tem esses níveis e personagens desbloqueáveis todos. Mas vale a pena jogar tanto para consegui-los? Os personagens são mais skins que outra coisa sem grande diferença de jogabilidade entre eles, os níveis são variados mas 200 é muita variação sem repetir algumas coisas.
Ok, eu não vou negar o bom trabalho que está feito aqui. Usando um visual 3D em 8-bits é muito mais agradável à vista do que devia ser, e a jogabilidade não tem falhas. É provavelmente dos dual-stick shooters mais manobráveis que já joguei. Se o fizessem para a Nintendo 3DS era deslumbrante. Dito isto é um jogo engraçado para umas sessões rápidas. Nada demasiado, um ou dois níveis, e depois pegamos em algo mais consistente. Apesar dos bons gráficos e jogabilidade acho que 9.99€ é um bocado demais para um limpador de palato ou aperitivo jogável.
Já Black Sand Drift, da Echo Hall Studios, custa apenas 0.99€ e faz exactamente o que diz no pacote.
Muitos developers tentam aquilo que eu chamo a nostalgia parasítica (Nostalgea Parasitisis) que é basicamente colarem-se a alguns temas, aspectos ou seja o que for dos anos 1980 para tentarem apanhar algum dinheiro dos trintões e quarentões que nesta altura têm algum dinheiro para gastar e se recordam com saudade das suas infâncias. É um bocado como aquele pessoal que vai ao Shark Tank e nitidamente não estão à procura de um parceiro, só querem uma plataforma para publicitar o seu produto a baixo custo. Outros developers já tocam no aspecto nostálgico (também para ganhar dinheiro) porque eles são trintões e quarentões nostálgicos e querem fazer o jogo com que sonharam em criança. Acredito que o pessoal da Echo Hall Studios faz parte deste último grupo.
Black Sand Drift, é um scrolling shooter, no estilo de 1942 mas menos programado. Os inimigos aparecem de todos os lados aleatoriamente (ou pelo menos num padrão que eu ainda não consegui detectar) e a nossa nave também pode disparar em todas as direcções, se apanharmos os power ups para isso.
Ao contrário de muitos jogos “revivalistas” que modernizam o aspecto e a jogabilidade para os tempos modernos Black Sand Drift mantém-se fiel às origens. WASD ou cursor e barra de espaços são as maneiras projectadas para jogar e é assim que ele se aproveita melhor. Os gráficos são toscos e grosseiros com cores vivas e contrastantes tal e qual como no final da década que tentam reproduzir.
Mais barato que um café em muitos locais de Portugal, não digo que seja obrigatório, mas não é uma má compra para se divertirem. E leva pontos de bónus pela banda sonora. É tão fora do ambiente que torna tudo mais divertido.