20 anos… já se passaram 20 anos desde que saiu Duke Nukem. Em 1996 este clássico dos FPS ganhou um lugar na história dos videojogos e nesta caçada semanal prestamos homenagem a esse belo ano, ou não que foi 1996. E também aos FPS.
Mas vamos começar com Merger 3D, um jogo de €1.99 que não vale €2.
Pode parecer muito injusto mas não é. Merger 3D nem sequer chegou a 1996 (ano em que nasceu Sophie Turner, Sansa Stark em Game of Thrones) em jogabilidade e gráficos. A corrente nostálgica dos tempos modernos, no qual alguém acha que tudo o que tem um aspecto antiquado vai apelar à nossa criança interior não funciona mesmo em tudo.
Em Merger 3D cheguei a passar mais tempo à procura de uma saída de um espaço aberto depois de ter dizimado todos os meus inimigos do que propriamente a dizimá-los. Portanto das duas, uma. Ou eu sou um exterminador do mais alto nível ou o desenho dos níveis é mau. Aposto na segunda hipótese.
Talvez esteja errado. Talvez seja um grande jogo, evoca todos aqueles momentos da minha adolescência e desse ano de 1996 (ano em que morreu a grande Ella Fitzgerald e o igualmente gigante Carl Sagan) que passei perdido em First Person Shooters e outros elementos que queimavam o cérebro.
Simples numa objectiva negativa, básico e sem grande interesse, Merger 3D não vale mais do que o preço que pedem por ele, chego a duvidar se vale isso.
Duke Nukem 3D: 20th Anniversary World Tour é o mais novo jogo desta saga. Mais novo é como quem diz, é uma versão remasterizada de todos os jogos e episódios com uns novos. Foi em 1996 (ano em que Jorge Sampaio foi eleito presidente de Portugal e o computador Deep Blue derrotou pela primeira vez Gary Kasparov em xadrez. E dizem os boatos que em linhas de engate também) que Duke Nukem apareceu nos nossos PCs pela primeira vez. As frases, as armas, os aliens, o gajedo, grande maioria do que é característico nesta saga apareceu neste belo jogo, e 20 anos depois continua com força.
Quer dizer, contínua com tanta força como qualquer um de nós que tem mais 20 anos em cima. No mesmo ano em que a Nintendo 64 e os primeiros Pokémon foram lançados no Japão este jogo pertencia a um habitat muito menos povoado, muito menos erudito que é agora. Nessa altura, no seu pequeno universo era rei e senhor, mas o mundo, depois destes anos todos mudou, assim como os gostos. Continua a existir um apetite para First Person Shooters, mas não deste estilo. Pelo menos não para todos.
Pode parecer presunçoso da minha parte, algo que não vou negar mas acho que já evoluímos para lá deste universo.
Em 1996, ano dos Jogos Olímpicos em Atlanta, muitos de nós tínhamos por volta dos 15 anos, estávamos a meio da nossa adolescência. Estávamos numa altura em que tudo estava contra nós porque éramos parvos, com aquela idade não dá para ser outra coisa, e por isso gostávamos de Duke Nukem. Não era um jogo do melhor que há, mas era algo com violência e piadas fáceis, e mamas, nós gostávamos, mas 20 anos depois estamos diferentes, já não bebemos qualquer zurrapa tinta que se mistura com Coca-Cola ou 7Up, ou qualquer cerveja. O nosso gosto está mais delicado assim como o nosso sistema e as ressacas custam mais a passar.
Estamos mais refinados e o nosso gosto, tendo sido aberto a tantas opções ao longo dos anos também se refinou. O problema é que Duke Nukem 3D é como aquele nosso amigo (dessa altura ou não) que não cresceu. Aquele que continua a achar que se pode ir de calças de ganga e boné para qualquer lado, que acha que pode ir para Santos tentar engatar miúdas que nitidamente podiam ser filhas dele.
Os miúdos da idade que tínhamos em 1996 (ano em que Alanis Morissete se tornou a mais jovem galardoada com um Grammy) acham-lhe piada e nós de vez em quando podemos estar com ele para matar saudades, mas sempre achando-o estranho, pensando como é que alguma vez nos identificámos com ele.
Duke Nukem 3D: 20th Anniversary World Tour é esse amigo, pode ter piada para alguns novos jogadores, podemos ter um toque de nostalgia e saudade desses tempos quando o jogamos, mas depois voltamos rapidamente às nossas vidas adultas. Mesmo os miúdos provavelmente vão-se cansar depressa por terem opções muito mais à sua medida à disposição.
1996 teve coisas boas que devem ficar lá, teve coisas más que nunca devem sair do passado. Lembremo-nos que 1996 deu-nos isto: