Tenho o gosto de hoje vos apresentar um videojogo inteiramente Português ! É verdade ! João do Lago e Philip Machado são os dois criadores por trás de Talewind, um jogo que foi lançado a 23 de Setembro de 2016 e que vale muitíssimo a pena podermos jogá-lo. Este era um dos videojogos presentes no Indie Dome na Lisboa Games Week 2016, e foi aí que tive a sorte de poder ser levada a esta experiência. Já não é surpresa que sou grande apreciadora de jogos de plataformas e que tenho um grande amor por boa arte nos videojogos, sendo assim este jogo junta de facto essas duas excelentes características. Para o meu lado de Psicóloga gosto também de estar a par de bons jogos que possam trazer os melhores recursos possíveis para os clientes jogadores e este pareceu-me de facto um videojogo que guardarei como recurso, não só pela sua simplicidade a nível de mecânicas mas também por todo o ambiente em que o mesmo envolve o jogador.

Falando-vos um pouco mais sobre o jogo, Talewind é um jogo de plataformas 2D, que teve como objetivo para os seus criadores trazer um nível de maior desafio com relação a outros jogos do género. Baseado em jogos como Rayman, Mario e principalmente Sonic, este é um jogo no qual o personagem com um sistema imunitário fabuloso tem de superar vários obstáculos saltando e apanhando correntes de ar fortíssimas que o levam a outros locais no jogo. A principal dificuldade (ou não) encontra-se no facto de um mero toque num dos monstros de jogo o levar a automaticamente morrer levando-nos ao último local onde o jogador gravou o jogo (pedra de Checkpoint). Ainda assim é discutível o facto de esta ser realmente uma maior dificuldade neste jogo já que no Sonic – por exemplo – caso perdêssemos uma vida tínhamos de recomeçar o nível, e caso perdêssemos todas as vidas recomeçávamos o jogo, algo que trazia realmente um maior desafio. No meu caso especifico posso dizer que é inigualável o stress de ter de voltar atrás por apenas um único erro, frustrando até os mais pacientes. Porém se voltasse atrás o nível inteiro ou até mesmo todo o jogo o mais provável era a meio do jogo eu ter parado de jogar, algo que considerei pessoalmente positivo e equilibrado neste jogo. Ainda assim, individualismos à parte, este é realmente um jogo que trabalha a tolerância à frustração de falhar, mais que não seja pela repetida frustração de não passar um obstáculo incontáveis vezes, tendo de fazer uma paragem de 10 minutos e então a seguir conseguir à primeira ultrapassar o dito cujo.

Ao todo o jogo é constituído por 5 Mundos cada um com três níveis a superar, Mundos estes extremamente atraentes visualmente, apresentando uma arte fantástica. Fiquei desde logo deslumbrada ao entrar no primeiro Mundo, o qual com imagens tão simples e cores tão vibrantes nos apresentavam a real noção de Vento, o elemento principal deste jogo. As ervas a voar, o próprio personagem com o vento a criar efeito nas suas roupas,  são pormenores que realmente trazem uma envolvência cativante.

Além disso a variedade dos monstros, das suas dinâmicas e do ambiente nos vários Mundos é grande. Existe um constituído por campos verdejantes, um Mundo Gélido, um Mundo Mecânico, entre outros. Confesso no entanto que o meu favorito foi o Mundo do Gelo onde os obstáculos traziam maior rapidez de ação, fazendo o personagem escorregar no piso de gelo à semelhança do que acontece em vários outros jogos deste género. Já os monstros eram também muito originais e com dinâmicas bastante diferenciadas, fazendo-nos ter de aprender a cada nível novas formas de com as simples mecânicas do nosso personagem ultrapassarmos os desafios que o nível nos impunha.

Apesar de tudo, nem todas as características são perfeitas e fiquei um pouco triste com as limitações do nosso personagem. Em outros jogos do género é já comum existir algum desenvolvimento de personagem, através do qual o protagonista pode adquirir mais habilidades de luta ou novas capacidades, porém aqui encontramo-nos sempre limitados a um único ataque.

Ainda na componente de luta contra os inimigos senti também que a necessidade de me baixar com o boneco para fugir de alguns ataques. Porém essa é uma mecânica que aqui não existe, e que seria algo excelente tendo em conta alguns obstáculos encontrados. Sendo assim há que ser habilidoso sem essa capacidade!

Ao longo da minha aventura por Talewind senti-me também por vezes corroída pela necessidade de decisão entre caminhos nos níveis, não sabendo por qual iria apanhar mais penas (o equivalente aos Anéis do Sonic ou Moedas do Mario) ou qual seria mais vantajoso para apanhar os cristais por exemplo. Seria no entanto positivo ou aceitável se fosse apenas uma ou duas decisões de caminhos, porém neste caso chegavam a haver níveis onde existiam inúmeras dessas decisões, ficando um sabor amargo de “e se por ali tivesse sido melhor? agora já não posso voltar para trás” havendo a necessidade de repetir o nível.

Ainda em tom critico considerei por vezes pouco entusiasmante o facto de se poder fazer grande parte do nível utilizando um grande salto planando no ar ou usando uma corrente de ar. Mais uma vez tal torna-se aquele tipo de escolhas que não sabemos se é positiva ou se por outro lado bastante penalizante já que apanhando todos os cristais dos níveis tal dá acesso a uma nova fase de jogo por Mundo, equivalente a 25% do jogo. Este é então um dos pontos que considerei pouco intuitivos no jogo ou por outro lado aliciante aos mais exploradores.

Ainda assim, criticas pessoais à parte não deixo de ver Talewind como um jogo de plataformas muito bem concebido e extremamente cativante. Foi realmente um jogo que me motivou até chegar ao seu fim, sempre com o desejo de ver mais e mais e continuar a aventura de obstáculos. É realmente algo que desafia a nossa capacidade de atenção, paciência, tolerância à frustração e motivação para nos tornarmos melhores.

Talewind é realmente um jogo que sugiro que joguem se são amantes de plataformas e querem passar um tempo agradável. Podem encontrá-lo na Steam por um preço bastante acessível. Por isso resta-me desejar-vos bons passeios com correntes de ar ! E não se constipem !