Quem se lembra hoje de 1996 já começa a pensar “ó pá estou a ficar velho” interessante ver o que se passou nesse ano na perspectiva de quem o viveu e agora que 2016 está a terminar. Era para ser um top mas eu sou rebelde!
Ao revisitar este ano deparei-me que algo bastante curioso, 1996 e 2016 são anos gémeos separados por 20 anos e é incrível como as tendências desse ano se mostram cíclicas. 1996 foi o ano que muitas tecnologias transitaram da simples novidade tecnológica para algo concreto e que se veio a tornar o padrão por anos seguintes, de 2016 pode-se dizer exactamente o mesmo.
Vamos então por por lado a lado algo de notório que aconteceu a cada ano:
1996
Salto tecnológico, 1996 abraçou por completo os jogos em 3D poligonais, a partir deste momento o 2D passou a ser relegado para jogos AA ou géneros cuja complexidade ainda não o permitia. É também o ano que no PC a revolução das Aceleradoras 3D começam aproximar-se das massas numa evolução em aceleração constante e que se torna como padrão obrigatório nos anos seguintes.
2016
Muito embora não seja tão revolucionário como foi há 20 anos a forma como os jogos hoje em dia são processados está a sofrer uma mudança, muito por culpa mandatória de tecnologias que agora reapareceram e requerem mais poder de processamento, VR, HDR e Ultra HD exigem um salto, veremos o que irá prevalecer nos próximos anos.
1996 – Realidade Virtual 2.0
É um sonho que tem vindo a ser perseguido durante décadas, nos anos 80 surge a esperança que a tecnologia se torne realidade, mas os obstáculos tecnológicos empurraram esse sonho para os anos 90 e foi em 1996 que começamos a ver algo palpável ainda assim muito longe do idealizado, mas não chegou e foram precisos mais 20 anos.
2016 – Realidade Virtual (3.0)
A terceira tentativa da industria consegue penetrar no mercado com um sucesso maior que 1996, é um recomeço que só no próximo ano poderemos dizer se pegou ou se irá ficar novamente na gaveta até que a tecnologia a torne mais prática.
1996 – “Padrõezinhos”
Muita coisa que damos como certa foi em 1996 que surgiu, o USB por exemplo hoje é indispensável, todos os computadores e consolas caseiras tem uma ou varias portas USB que permitem ligar os mais diversos periféricos. O DVD quase que foi este ano mas foi em 1996 que o uso de discos ópticos se generalizou sendo o CD a midia principal por mais 5 anos até o DVD tomar o seu lugar.
Mais virados para os videojogos, com o 3D generalizado surge a necessidade dum controlo que nos facilite a exploração em espaços tridimensionais e ao tradicional gamepad que só possuía um direcional de 4 ou 8 direções foi adicionado um analógico, surge assim o Controlador da Nintendo 64 essencial para jogar o Mario 64 e o 3D Controller da Sega Saturn desenhado em especial para o Nights into Dreams, facto curioso estarem separados apenas por 1 mês. Desculpem se me esqueci de mais coisas.
1996 – USENET
Malta a discutir coisas triviais como se tratasse de bola, política e religião, algo tão velho mas tão presente, termos como “bigotry” ou as discussões “Squaresoft é a culpada de tudo!” continuam mais acesas do que nunca em especial a guerra de sistemas.
2016 – Ler o que escrevi acima.
Esquecendo toda esta “salganhada” de coincidências, 1996 foi um ano de transições e 2016 pode ser bem ou mal comparado o seu gémeo.
1996 marca o inicio duma era dourada que termina em 2001, mais coisa menos coisa.
Super Mario 64 – Não posso deixar este de parte num top 10, foi uma formula arriscada e o maior salto das plataformas 2D para o 3D, é um clássico de culto, considerado por muitos como o melhor videojogo de sempre, que não se cingiu simplesmente a ser competente, foi superior em tudo e em todos os aspectos dentro do género e envelheceu muito bem de tal maneira que olhamos facilmente para outros “Marios” mais modernos e encontramos as bases desta fórmula de sucesso. Não há muito a dizer, não é estranheza para ninguém.
Tomb Raider: Starring Lara Croft – Se o Super Mario (64) é o “Pai” das plataformas em 3D a Lara Croft foi a mãe dos jogos de plataformas 3D, muito embora o género divirja mais para a o género aventura de ação tomb raider lançou as bases para os jogos modernos. O seu sucesso foi capitalizado pela popularidade e culto nas aventuras do Indiana Jones e pelos atributos de Lara (eu sei o que estão a pensar) A menina Croft apelou a um publico adolescente que cresceu e deu o salto para a PlayStation, muito embora tenha saído noutras plataformas como a Sega Saturn onde inicialmente deveria ter sido exclusivo e para o PC.
Revelations: Persona – Não vou mentir, não terminei o jogo e estou a jogar o port na integra na PSP, conhecido por Shin Megami Tensei: Persona. Levei algum tempo a considerar este jogo para o top de 1996, a razão que me levou a incluir o jogo foi a “revolução” que este jogo fez parte juntamente com muitos outros jogos ao colo da PlayStation, antes o género não era apreciado a Ocidente e foi esta plataforma que o trouxe para um público sedento de coisas incomuns e mais adultas. Não inventou novas fórmulas mas aperfeiçoou-as, era o estilo de jogo RPG japonês centrado em combate por turnos, mas cuja complexidade puxava mais um bocadinho do que se estava habituado nos jogos Final Fantasy.
Metal Slug – Um dos jogos arcada mais populares de sempre, também um dos que transitou logo para sistemas caseiros, foi o culminar do 2D e ainda assim conseguiu revitalizar um género que continua a ser copiado seja pelo seu design seja pela dificuldade progressiva. A primeira vez que o joguei foi na PlayStation, até então nunca tinha jogado um shooter tão caótico desde o Contra, uma espécie de sucessor espiritual na minha opinião. Hoje pode ser jogado em qualquer plataforma conhecida, desde iOs ao Steam.
Crash Bandicoot – A mascote adoptada pela Sony, foi tudo o que um Sonic em 3D deveria ter sido, não fossem os responsáveis pelo Sonic the Hedgehog os culpados por esta criação tão exótica.
Diablo: Na altura que saiu não era apreciador do género, muito embora seja um dos responsáveis pela formula moderna dos Dungeon crawlers adicionou elementos de hack ‘n slash e claro o principal responsável pelo fenómeno do loot syndrome, ou mais precisamente loot hoarding que já me tinha sido esquecido dos Ultimas com o seu caótico e desarrumado sistema de loot!
Duke Nukem 3D – Distinguiu-se dos demais shooters 3D estilo Doom, o seu estilo próprio de humor machista “’murica”. Valeu-lhe a nostalgia que ainda sentimos por ele ao ponto que quase esquecermos o Quake. “I ain’t afraid of no quake!”
Command & Conquer: Red Alert – Pegou na formula do primeiro e melhorou em todos os aspectos e ainda introduziu mais novidades. As diferentes fações deram-lhe uma profundidade estratégica maior: o jogador tinha que aproveitar as particularidades fortes da fação que tinha ao seu comando e explorar as fraquezas dos inimigos. Actrizes pornográficas no elenco foram também uma boa adição numa longa tradição até aos jogos actuais da série. De lamentar a perda da Westwood Studios que foi uma das primeiras a sucumbir às mãos da EA.
The Neverhood– Os jogos point ‘n click eram ainda nessa altura os meus favoritos. Este jogo destacou-se em dois sentidos: a história bizarra e a animação stop-motion com personagens e cenário em plasticina. 1996 foi também a era da transição do analógico para o digital, tendo a equipa aproveitado as novas ferramentas da altura para digitalizar as cenas e aproveitar a moda dos CD-Roms Interativos ou chamada era dos PCs Multimédia. Estúdio esse que hoje se chama Dice e faz jogos de guerra para a EA.
The Elder Scrolls II: Daggerfall – Foi um milagre tecnológico na altura, pegou no estilo RPG ocidental e misturou tudo e mais alguma coisa no imaginário fantástico. O mundo é enorme e criado por geração procedural, mas não se ficou nisso, a Bethesda Softworks criou um sistema peculiar de feitiços e deu-nos toda a liberdade para seguirmos a nossa aventura por livre arbítrio sem a necessidade de seguir obrigatoriamente as quests principais.
“Uffa” foi suado “enlatar” 1996 em top 10..