Ao que parece a grande figura da Nintendo vai ter um chapéu animado no seu próximo jogo na Switch. Eu não vou falar da nova consola da Nintendo até a ter na mão. Quando digo isto, não é para uma brincadeira de alguns minutos. Só quando mexer nela como deve ser, manuseá-la e explorar todos os seus recantos durante dias seguidos darei a minha opinião. Mesmo assim o vídeo provocou uma alteração da minha lista de jogos para esta rubrica que partilho com o meu vapenbroder Ricardo. Assim como ele não esperava falar de jogos fora das consolas Nintendo, eu também nunca esperei isso ou que o primeiro jogo The Legend of Zelda que iria trazer a esta zona era o ignorado e pouco conhecido The Minish Cap.

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Lançado para o Game Boy Advance em 2004 meses depois de The Four Swords ter saído para a Gamecube é mais ligado a esta experiência multiplayer da Grande N tanto em jogabilidade como em enredo, do que aos The Wind Waker ou Twilight Princess que foram lançados em seu redor, pois conta a história da criação das titulares quatro espadas.

Em tudo, este The Minish Cap é um clássico Zelda. Depois do sucesso de The Ocarina of Time, Majora’s Mask e Wind Waker nas consolas de casa, a empresa nipónica decidiu tornar o jogo mais pequeno e colocá-lo na sua portátil da altura. Essa mesma “magia” da diminuição é a base de todo o enredo e mecânicas deste jogo. Voltando ao tradicional top-down view, vemos mais um Link pronto a enfrentar mais uma série de aventuras e perigos no reino de Hyrule mas desta vez com um companheiro menos irritante que Navi.

Como sempre há um Big Bad, desta vez Vaati o antagonista deste universo que partiu a mítica espada dos Picori e o Rei pede a Link que faça algo acerca disso. Que cace coisas, salve a princesa… o negócio da família. A caminho da sua missão ele salva Ezlo, uma estranha criatura verde com um bico e olhos. Como qualquer pessoa sensata faria nesta situação, Link passa a usar Ezlo na cabeça como um gorro porque está frio e a sua cor combina com o resto do seu ensamble. Há a parte irrelevante que Ezlo é um feiticeiro que foi amaldiçoado e que consegue ajudar Link a reduzir ao tamanho dos Picori (Minish) uma mítica raça de humanóides do tamanho de insectos de modo a salvar o reino. O resto da história fica para quem quiser jogar.

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Onde The Minish Cap é melhor é na sua jogabilidade ao mesmo tempo clássica e alterada. Enquanto a sua perspectiva é a característica, a adaptação do interface objectos/acções associados a um botão desenvolvido em Ocarina e melhorado em Majora e Wind Waker que torna o jogo muito mais fluido.

Como sempre a estrutura de overworld recheado de masmorras nas quais temos que encontrar um objecto específico para derrotar o Boss da mesma é a equipa que ganha e não se mexe. Algo que nunca percebi: Porque é que esses objectos não eram colocados noutra masmorra, bem longe da criatura que é vulnerável a isso. Tem tanta lógica como o Superman guardar Kryptonite na Fortress of Solitude ou no armário da casa de banho…

Bem… Entre os objectos clássicos que se encontram em quase todos os Legend of Zelda estão três novos dos quais um dos meus favoritos de sempre: o Gust Jar, ou como eu chamava, o Kirby portátil. Este jarro suga ar e objectos e depois sopra-os tal e qual como esse outro personagem mas nas mãos de Link é utilizado para tudo, desde arma de ataque a sistema de propulsão motora.

É curioso ver com ao longo dos anos os seus criadores conseguem renovar a mesma fórmula constantemente e sempre parecendo fresca. Ao contrário de muitos títulos da indústria (CoDs, FIFAs, e outros) que sofrem do que eu chamo Síndrome de iPhone, que é aquele lançamento anual ou semestral vendido como se fosse a reinvenção da roda mas no fundo é igual aos 4 modelos anteriores com mais ou menos meio centímetro ou algo semelhante. Já os Legend of Zelda, são todos construídos na mesma base criada por Miyamoto e Tezuka, mas sempre com algo muito diferente, Link to The Past é o clássico que marcou todos os jogos da série, Ocarina of Time tinha o mundo 3D e viagens temporais, Majora’s Mask tinha um mundo negro e utilizava o tempo de outra maneira ao do seu antecessor, Wind Waker com o seu estilo mais cartoon e mundo aquático, e antes de Twilight Princess afirmar o universo numa perspectiva quase saída de um filme de Christopher Nolan ou pior, Zack Snyder, The Minish Cap provou que se podia voltar ao básico. Algo que foi utilizado anos mais tarde no jogo para a 3DS a A Link Between Two Worlds.

https://www.youtube.com/watch?v=Km-Ax67-EhI

Há um paralelismo engraçado entre a “diminuição” causada pela passagem dos jogos da plataforma de casa para a portátil, na maneira como Link viaja entre o mundo de Hyrule e o mundo dos Picori, que só podem ser vistos por crianças. Gosto de ver isso de um ponto de vista metafórico ligado ao ponto de vista mágico das crianças, e daqueles poucos adultos que não se deixam iludir com o tamanho dos jogos. Talvez porque nunca deixámos a nossa criança interior morrer.