Caçada semanal #61
Um dos primeiros momentos de glória do qual me lembro, foi no já longínquo ano de 1990 que consegui terminar o challenge mais difícil do Tetris no Game Boy. A excitação foi tão grande que antes de fazer a última linha do desafio, e que mostraria aquela comemoração ingame com dançarinas russas e um míssil a ser lançado para o espaço, deixei o jogo na pausa ligado à corrente com o magnífico transformador que o meu avô adaptou para a consola, e assim ficou largas horas até o meu avô e as minhas tias chegarem a casa do trabalho.
A cara de surpresa da minha família (todos eles jogavam ocasionalmente Tetris naquela consola mágica lá de casa e que tinha sido ganha num concurso de chocolates Toffee Crisp) ao ver-me com tão tenra idade a conseguir ultrapassar o jogo num nível de dificuldade ao qual eles não conseguiam responder, deixava apenas antever uma vida ligada aos videojogos de forma ininterrupta.
O Tetris marcou-me, assim como marcou grande parte da população mundial, ajudando e muito a abrir caminho para este colossal mercado que nos é próximo. Esta semana na caçada semanal não vamos falar de Tetris, mas sim de puzzle games, que dentro da sua casualidade conseguem manter o desafio mental ao mais alto nível.
Induction
Se a divindade da minha religião, o Doctor, fosse um game designer, Induction seria decerto obra da sua mente. E quem sabe, não será mesmo?
Brincando com paradoxos de tempo, visto que o timey-wimey-coisos, Induction coloca-nos a desafiante missão de resolver cada um dos seus muitos e depurados níveis através geometrizados mas cujas soluções simples de levar um cubo até à meta.
Mas toda essa tarefa só é possível com diversas mudanças e alterações com o encaminhamento do tempo, ao criar loops temporais com a movimentação do cubo para abrir portas e/ou plataformas, ou simplesmente a criar linhas de tempo paralelas dentro do próprio nível.
Há uma grande dose de abstracção em Induction, mas que apenas eleva o nível de desafio para zonas menos exploradas. E que ajuda a diferenciar esta obra de Bryan Gale de tantos congéneres.
Pictopix
Pouca gente saberá que Picross não é apenas uma das franquias de puzzles da Nintendo de maior sucesso, mas também a maior forma de disseminar um tipo de quebra-cabeças que surgiu no final da década de 1980 no Japão. Ainda menos gente saberá que para além deste tipo de puzzles ser denominado de Picross (muito graças à globalização da Big N), também é chamado de nonogramas ou hanjie.
O conceito é simples e tem sido repetido à exaustão nas consolas portáteis da Nintendo (com Picross E7 a chegar à 3DS há dias), Pictopix é finalmente a chegada do género ao Steam, trazendo toda a sua simplicidade e quebra-cabeças ao tentarmos desvendar as imagens por trás das sugestões numéricas em grelhas.
Não sei se são os anos de hábito de jogar nonogramas numa plataforma portátil que me fez estranhar a chegada ao ecrã de 24’ do meu PC e ao gesto do rato. Mas pouco mais há a dizer. Picross no PC. What else?
Causality
Numa Caçada Semanal em que falamos de puzzle games e do quanto o tempo é timey-wimey-coiso, é chegada a altura de falar de um jogo que brinca com paradoxos temporais e loops para resolver puzzles, levando o nosso protagonista a ir do ponto A ao ponto B através de pequenas brincadeiras com a corrente do tempo.
Falamos portanto de Induction.
Não…esperem.
Falamos de Causality.
A ser lançado 5 dias depois de Induction, mais um excelente puzzle game na mesma linha exacta do primeiro do qual falámos no início deste artigo. O tempo é uma coisa realmente… timey-wimey…
coiso.
Puzzle Puppers
A inspiração em velhas mecânicas é uma grande porta de partida para muitos jogos indies. Puzzle Puppers, um simpático puzzle game onde o protagonista (ou protagonistas) é o cão de Reed Richards, o Sr. Fantástico*, e que à semelhança da Serpent, consegue esticar o seu corpo pelo nível para chegar aos objectivos.
Neste caso os objectivos são mais do que simples: comer um pedaço de presunto e chegar até à tigela de comida para cão. Muitas mecânicas e pequenos twists são adicionados à medida que os níveis se complexificam, demonstrando um simples puzzle game à volta de cães que se esticam até ao infinito.
* Não é porque a Disney nunca permitiria