Às vezes não é fácil escolher um tema para esta rubrica, não só a minha shortlist de short não tem nada, devido a termos gostos muito semelhantes ser obrigado a conferenciar com o meu Brother në krahë de modo a que não falemos dos mesmos jogos. Felizmente ambos temos muito para dizer acerca de muitos dos jogos da grande marca nipónica, e vou então aproveitar a porta que ele me deixou aberta há umas semanas e tratar do caso dos brilhantes Fire Emblem.

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Felizmente vivemos num mundo em que a diversidade é aceite, e enquanto eu não iria para o campo de todos os Advance Wars como o Ricardo fez, e focava-me apenas no meu favorito Advance Wars: Days of Ruin, percebo perfeitamente as suas razões e concordo com elas. É por isso mesmo que em vez de falar da série toda Fire Emblem, da qual espero ansiosamente pelos novos lançamentos em várias plataformas até fora da Nintendo, vou falar dos meus favoritos Fire Emblem e Fire Emblem: The Sacred Stones.

É claro que não posso deixar de passar por Fire Emblem, o primeiro editado na Europa para o Game Boy Advance, que foi a minha introdução à série, tal como havia sido Advance Wars. Por mais que eu goste deste último, a minha introdução a estas aventuras fantásticas teve muito mais impacto porque tinha uma história mais interessante, com personagens bem desenvolvidos. Lembro-me de quando o joguei e acabei o 11º capítulo com a Lyn fechando o seu arco, após ter perdido vários amigos e pensar que tinha acabado o jogo. Mas ele seguia com mais uns 20 com Ephraim e isso deixou-me muito feliz.

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Mas não tanto quanto jogar The Sacred Stones. Não só a história foi mais interessante como o facto de mais ou menos no mesmo ponto ser possível seguir por um, de dois caminhos distintos que deu ainda mais valor ao jogo. Literalmente duplicando-o. A qualidade do primeiro era muita, a sequela acrescenta horas de jogo de qualidade limando várias arestas mais toscas do seu predecessor.

O molde técnico de Fire Emblem é muito semelhante ao de Advance Wars no que diz respeito ao combate em turnos numa grelha, mas pouco mais do que isso, o ambiente é medieval/fantasia, as unidades de combate são personagens reais como nomes e caras próprias o que leva a que o enredo seja muito mais pessoal que em Advance Wars no qual apenas os generais correspondem a esta especificação, em Fire Emblem, todos os nossos personagens são alguém específico e não um grupo de soldados sem nome.

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Já o disse mais que uma vez que gosto, e ao mesmo tempo custa, quando os personagens dos meus jogos de estratégia têm nomes e personalidades. É estranho dar tanto empaticamente a personagens virtuais mas é possível porque quando jogamos, e especialmente nos mais recentes, vamos falando e conhecendo cada um dos nossos companheiros, eles vão-se tornando cada vez mais importantes naquele mundo, isso torna as suas mortes mais dolorosas. Fire Emblem é abençoado/amaldiçoado com permadeath, um dos factores mais ingratos e ao mesmo tempo necessários nos jogos. Muita da indústria de hoje é feita a segurar a mão do jogador. Há imensos jogos, infelizmente a maioria que atinge o grande comércio, no qual o jogador não consegue perder, faça o que fizer, é impossível perder. Os Fire Emblem são como a natureza e a vida, impiedosos e imperdoáveis, decisões sem ponderação custam caro, muito caro. Tudo aqui é perecível incluído armas e outros objectos, ao contrário de Advance Wars onde um erro táctico pode ser corrigido com a criação de mais um batalhão e mesmo isso pode não implicar a derrota no cenário, em Fire Emblem uma morte é… bem… permanente.

Sim, há sempre a hipótese de refazer a missão evitando os erros mas isso derrota um bocado o propósito do jogo ser como é.

Não posso discordar do Ricardo quando ele diz que (parafraseando) que foi mesmo Advance Wars que abriu o portão de entrada e trilhou o caminho para estes jogos no Ocidente. Tanto as histórias, o modelo, jogabilidade, tudo neles grita cultura japonesa e a sua aproximação ao público deste lado seria muito mais tardia ou quem sabe impossível não fosse esse jogo fazer a adaptação e cimentar a aceitação.

Eu gosto de jogos destes, que são mais do que um simples divertimento, que contam uma história melhor que muitos filmes, têm personagens com mais conteúdo que muitos livros, melhor arte que muitos quadros, dor, emoção, romance, intriga e até dragões. É uma franquia que merece o seu lugar no panteão da Nintendo, nem que seja por ser o sucessor de Mario na sua expansão para os mercados mobile. Se com sucesso ou não, só o tempo dirá, mas se Mario Run é um exemplo da qualidade que a empresa aplica nisso, as perspectivas são muito boas.