Bom…

Ultimamente tenho feito algo que é raro, jogar no meu smartphone, sobreaquece-me a peça e esgota a bateria rapidamente, tendo em conta que o meu foi escolhido especificamente por ter um consumo muito baixo, derrota o seu propósito. Mesmo não gostando, já aconteceu algumas vezes, todas elas, excepto uma escrevi sobre isso aqui no Rubber Chicken, mesmo assim no geral não sou adepto de jogos mobile, acredito na máxima de cada macaco no seu galho. Mesmo assim, há macacos que ocasionalmente saltam para outros galhos porque algo parece interessante, como rapaz-ventoinha tive que saltar da minha árvore habitual e testar Fire Emblem Heroes.

Foram muitas as dúvidas criadas na passagem da Nintendo para as plataformas móveis que não as suas, mas até agora com Pokémon Go e Pokemon Duel (para mim fazem parte da Grande N) e especialmente com Super Mario Run mostraram que conseguiam fazer algo de qualidade num mercado que não é o seu primário.

Passemos então para uma das minhas séries favoritas, logo no dia de lançamento descarreguei-o e comecei a testar. Desde cedo tive uma impressão estranha, uma espécie de dúvida crescente acerca de Heroes. É um Fire Emblem? Pode ser um jogo interessante? A resposta só pode ser dada pelo Presidente Marcelo.

É… mas não é. Pode… … mas também não pode!

Tem alguns dos elementos de Fire Emblem, pelo menos os principais a nível da estratégia e da jogabilidade. Também tem alguns dos seus elementos das personagens e histórias dos jogos mas tudo isto é num ponto de vista simplificado, reduzido à mais básica estrutura. Nessa escala é bom naquilo que faz, não requer que o jogador gaste dinheiro para usufruir do jogo na sua totalidade e oferece algum desafio, especialmente aos jogadores menos experientes nestas andanças.

O sistema de pirâmide de vulnerabilidade, e tudo o resto está lá (excepto a das magias) faltam objectos, faltam armas perecíveis e permadeath, falta muita coisa, mas na sua base está lá. Pensemos num carro, digamos um Honda Civic. Retiramos os vidros eléctricos, direcção assistida, ar condicionado, rádio e banco traseiro. Soldamos as portas de trás e a mala. Damos-lhe um aspecto mais simplificado ele não deixa de ser um Honda Civic. É o mesmo que acontece com Fire Emblem Heroes. Um jogo acima de tudo para quem não conhece a série entrar e habituar-se e talvez ganhar o gosto por mais. Mas para quem gosta ou já jogou alguns vai parecer fraco.

Levando para uma analogia alimentar, Fire Emblem Heroes é uma espécie de amuse bouche, uma entrada que abre o apetite para pratos mais elaborados e nutritivos. Ou seja tem piada se não temos mais nada para fazer como aquelas tostazinhas com um bocadinho de queijo em cima. Sabem bem para acompanhar uma bebida, mas não alimentam. Falando em bebidas também pode ser visto como aqueles “refrescos alcoólicos” com sabores de fruta das marcas de vodka e afins, uma espécie de portão de entrada para um mundo maior. Mas neste caso sem os efeitos nocivos no fígado.