A imersão pode ditar a diferença entre uma excelente e uma péssima sessão, sendo igualmente importante referir que o próprio processo requer conta, peso e medida. Não queremos criar confusão quanto ao que se está a passar abusando da imersão, nem permitir que ninguém dê por ela. O role-play é um elemento importante, sim, mas há uma série de adições que permitem que surja de uma forma mais natural.

Já referi em artigos anteriores algumas dessas adições, e, nesse sentido, vou começar pela música ambiente. Referi previamente o uso de trabalhos da autoria de Midnight Syndicate e bandas sonoras de videojogos como The Elder Scrolls V: Skyrim, ambos exemplos que uso nas minhas próprias sessões, e cujo uso recorrente pode prejudicar a própria imersão. A partir do momento em que a música se vai repetindo, corre-se o risco de ninguém à mesa lhe dar importância, pelo que é uma boa ideia procurar acrescentar temas novos de forma a evitar este ar de “zona de conforto”. Recentemente comecei a usar temas da banda sonora de Shadow of The Colossus e não podia ter ficado mais satisfeito com os resultados (para não falar que foi de encontro ao que se passou numa determinada sessão onde um jogador defrontou um gigante).

Uma outra forma que para mim, como Dungeon Master, ajuda a fazer com que a imersão seja algo sempre presente, é criar tudo de raiz, incluindo o próprio mundo. Não há problema nenhum em pegar em algo pré-feito e criar uma campanha nesse setting. Apenas vejo o investimento pessoal acrescido como um incentivo para que tudo corra melhor e que todos os pormenores sejam realçados.

Este é o mundo que tomei a liberdade de criar e onde as três campanhas que administro estão a ter lugar. Uma vez que é em Eren que tudo está a acontecer, não tenho nada a não ser ideias quanto ao que se passa nas restantes regiões no presente momento. E no que toca às campanhas propriamente ditas, aplica-se precisamente o mesmo. Tenho uma ideia do caminho que elas irão seguir, e preparo tudo de acordo, delineando ao mesmo tempo uma série de alternativas para o caso de os jogadores não quererem avançar directamente para o objectivo principal.

O próximo ponto não é propriamente imersivo, mas de qualquer das formas, merece atenção. Inicialmente, principalmente em momentos de combate, usava mapas desenhados à mão e miniaturas. Não havia propriamente muita qualidade nestes mapas, mas cumpriam o seu propósito de servir de auxiliares visuais. Contudo, recentemente cruzei-me com um canal no Youtube chamado Black Magic Craft e decidi experimentar fazer as minhas próprias peças de terreno modular. O resultado foi este:

Acaba por ser mais prático e permite uma reutilização constante sendo preciso apenas mudar a disposição, o número de peças e restantes elementos decorativos… certifica-te apenas que tens tinta suficiente para todo o projecto.

Um outro elemento que procuro acrescentar nas campanhas, é mensagens escritas nos vários idiomas. Ajuda a dar propósito às várias línguas faladas por cada um dos jogadores, e no caso de serem distintas, permite uma interessante dinâmica de grupo… a não ser que um dos jogadores seja um warlock com a invocação Eyes of the Rune Keeper ou algo semelhante.

Também já me cruzei com sessões onde são usadas puzzle boxes onde o quebra-cabeças que os jogadores estão a procurar resolver assume uma forma física com as quais eles podem interagir na própria mesa, procurando desvendar a combinação correcta usando a informação que têm vindo a recolher. Ainda não implementei isto nas minhas próprias sessões, mas estou atento.

É claro que isto é tudo descrito do ponto de vista do Dungeon Master, mas se tiveres bons jogadores que saibam o que isto implica e o tempo que investiste em criar isto tudo do zero, eles irão certificar-se de que todo o teu esforço não foi em vão.