Eu sei que muita gente tem metáforas muito próprias para coito ou masturbação, mas eu juro que “vencer Trump nas eleições” não é de todo algo que use com segundas intenções. É antes a realidade de um simples e divertido jogo que costumo jogar à noite em partidas curtas e que funciona como uma espécie de Groudhog Day da noite eleitoral americana.
Megalo Polis é um jogo lançado em Novembro do ano passado, mas que só agora conseguimos escrever sobre ele. Aqui o conceito e o enredo são muito simples: temos de escolher o nosso candidato e levá-lo a vencer as eleições.
Mecanicamente o jogo é subdividido por áreas de tabuleiro, cujo nosso objectivo é visitarmos e apelarmos ao voto em nós. Seja Trump, Obama (por alguma razão Megalo Polis teve-o como possível candidato, ainda que infelizmente o cúmulo de mandatos norte-americanos o impedissem de se recandidatar), Hillary Clinton, Cruz ou Sanders, a nossa missão é conseguir angariar mais intenções de voto do que os nossos opositores, e conseguir sentar o nosso “real” traseiro na cadeira acolchoada da Casa Branca.
O tabuleiro está dividido por diversos tipos de eleitorado. Operários, estudantes, empresários, entre outros grupos sociais preenchem as muitas áreas dos Estados em disputa, e cada candidato tem “classes” aos quais lhe é mais fácil apelar e outras ao qual tem mais resistências. Este factor importante visto que que as áreas/grupos são “conquistados” por conseguirmos apelar às pessoas que aí vivem, sendo que a velocidade com que cada um destes segmentos fica colorido da nossa cor (e durante algum tempo bloqueado como um distrito afecto ao nosso candidato) depende de quão mais fácil ou difícil é ao nosso candidato de apelar a esse grupo social.
É claro que podemos simplificar ao gastar o limitado dinheiro de campanha e a assentar arraiais nestes distritos mais difíceis, criando um pódio que torna muito mais apelativa a nossa mensagem aos habitantes do distrito.
Não há profundidade conceptual em Megalo Polis, sendo até bastante simples dentro do seu pressuposto táctico. O nosso objectivo é conquistar o máximo de distritos que os nossos adversários, “pintando-os” da nossa cor, à medida que temos de nos precaver que os opositores “transformem” os nossos distritos em áreas deles, e em que “atacamos” os seus distritos e arrecadamos o seu eleitorado.
O jogo é muito mais simples de ser jogado na primeira pessoa do que explicado. Ironicamente foi a jogar a Megalo Polis que fiquei acordado durante a Noite Eleitoral, enquanto acompanhávamos os resultados à medida que iam saindo.
E apesar da triste realidade em que vivemos, lá me vou refugiando na simplicidade de Megalo Polis para ir volta e meia dar verdadeiras tareias eleitorais a Trump, enquanto suspiro para que a sua derrota fosse uma realidade, e o meu candidato, Bernie Sanders, fosse o PoTUS.
Megalo Polis deixa-me sonhar. E isso é um direito que assiste aos videojogos não é?