Às cavalitas do Mario Sports Superstar
Nota prévia: nem imaginam o esforço que tive de fazer para não escrever Sporting Clube de Portugal, num estranho auto-controlo de um auto-correct cerebral pavloviano…
Durante anos a Nintendo conseguiu dar-me aquilo que tantos esforçados professores de Educação Física nunca conseguiram: fazer-me ser bom em algum desporto. À excepção do período do meu grande crescimento físico ali em torno do 9º ano, em que de repente percebi que até me safava bem em Salto em Barreiras, e uns aninhos antes em que até andei pelos Jogos de Lisboa com uma equipa de Mata, a minha aptidão para o desporto sempre se resumiu à forma como eu conseguia dominar os videojogos do género no meu Game Boy ou na minha Famiclone. porque na vida real sempre fui um real e obtuso cepo.
O lançamento esta semana de Mario Sports Superstar é um excelente mote para falar desta excelente tendência de colocar o Mario num sem número de situações desportivas que este ultrapassava invariavelmente com sucesso.
À semelhança do que aconteceu com os diversos crossovers das Olimpíadas com o Sonic, Mario Sports Superstar volta a desenrolar-se no campo do seguro e do comedido, sem grandes riscos ou rasgos de loucura e genialidade como o saudoso Mario Strikers. Aliás, já por diversas vezes referi que as experiências que progressivamente a Nintendo vai fazendo com os jogos de Tennis e que fez com essa grande referência da Wii que era o Mario Strikers fossem jogos únicos e memoráveis.
Mario Sports Superstar não tem este nível de genialidade e inovação, e está muito mais próximo da zona de conforto dos primórdios dos sports games da Nintendo e do que foi sendo produzido na década de 1990.
Cinco desportos são o que compõe este novo jogo da 3DS, lançado sem pompa e circunstância sob a tremenda sombra que o lançamento da Switch e o sucesso da consola e de Breath of the Wild. Não sendo inovador, como disse, MSS parece uma colectânea, um Best Of das últimas aventuras desportivas da Nintendo, com o futebol a ser uma versão muito despida do meu adorado Mario Strikers, o tennis uma versão mais light do Mario Tennis Open e o golfe obviamente inspirado por Mario Golf: World Tour.
Baseball é capaz de ser a pior componente do pacote, não apenas pela fraca popularidade global do desporto (que é questionável) mas sobretudo pela fraqueza de mecânicas desta versão incluída, que quase reduz toda a jogabilidade ao mero pressionar de botões, lembrando o jogo Baseball de 1983 para a NES.
Para nossa grande surpresa, as corridas de cavalos – desporto pela primeira vez abordado num jogo da Nintendo – acabou por ser o melhor jogo deste pacote 5-em-1. Divertido, diversificado e distinto, e possivelmente a grande razão de compra deste Mario Sports Superstar, a mostrar que a Camelot ainda consegue criar, e não apenas repetir, depois de alguns jogos menos bem conseguidos.
Sendo verdade que este Mario Sports Superstar quase que resvala o intuito deste Rapaz-Ventoinha, também é verdade que é um jogo aceitável e que resume a diversão tipicamente nintendista de trazer uma aura mais descontraída aos jogos de desporto. E decerto que será um grande mote para mim e para o meu Nakama João Machado de falarmos de tantos e tão bons jogos de desporto que a Nintendo nos brindou desde a nossa infância.