Ataque dos Clones #44
Tenho abordados muitos demakes nesta crónica e hoje não será exceção. Aliás em vez de trazer apenas um demake hoje venho trazer dois e tudo isso com apenas um jogo: Megal Gear Solid 2 para Game Boy.
Fazer um clone de Metal Gear não deveria ser nada de muito complicado. Para além da versão NES, a versão Game Boy Metal Gear: Ghost Babel já comprovou que é perfeitamente possível criar um jogo de infiltração apesar dos aparentes constrangimentos técnicos. Talvez tenha sido por isso que a Sintax optou por fazer algo completamente diferente. Julgou que isto seria demasiado óbvio. Que estar a fazer igual aos outros era coisa de “bootlegers menores”, que o que mundo precisava mesmo era… de um beat-them-up com o Solid Snake. Uma espécie de Metal Gear “Musou”, um “Metal Gear Warriors”… Ou então existe uma justificação mais simples: A Sintax já tinha lançado um jogo inspirado em Dynasty Warriors e optou por mudar as skins e aproveitar-se da popularidade da saga do sindicalista gaming Hideo Kojima.
Fazer de um jogo de infiltração um hino à porrada implica uma certa liberdade em relação ao material original. Daquelas liberdades que fazem desaparecer as pistolas dos membros da máfia, quando o protagonista do filme faz questão de dar uma demonstração do seus 10 anos de kung fu. O Dynasty Warriors da Sintax não tinha qualquer arma de fogo evidentemente. Valeria mesmo a pena recriar esse elemento do Metal Gear original? Claro que sim! ‘Bora colocar metralhadoras em 80% dos inimigos… O Snake? O Snake pode ficar com uma pistola, mas se a usa perde vida…
Eu já disse que este jogo era uma valente merda? Bom.
Tudo começa com uma cutscene inspirada nas conversas de CODEC do primeiro MGS da Playstation, onde nos é possível escolher não só Solid Snake como três outros protagonistas: Ninja (Grey Fox), Meryl e Master Miller. Sim, Master Miller, o Liquid Snake disfarçado é um dos protagonistas que podemos utilizar para derrotar… O Liquid Snake. Tudo indica que a Sintax não terá ido para além do manual do jogo na altura de preparar a sua adaptação. As representações são elas também muitas vezes grotescas. Nada a assinalar no caso de Snake e Meryl mas tanto Ninja como Miller não se enquadram minimamente nos elementos do jogo. Ninja tem o dobro do tamanho de todos os antagonistas e parece uma mistura entre o T-1000 do Terminator e um daqueles bonecos de atirar contra superfícies vendidos nas festas populares. Master Miller parece um punk genérico com braços anormalmente elásticos.
Feita a seleção da personagem entramos no centro da ação com um mapa ao estilo RPG de onde podemos selecionar as arenas fechadas que servem de nível. Resumem-se a pequenos espaços onde somos inundados por adversários cuja barra de vida vai muito para além da nossa paciência. É preciso uma valente dose de CQC – a mesma sucessão de pontapés e muros – para dar cabo de seja quem for. A IA não representaria grande desafio não fosse a sua capacidade em disparar à distância de forma intempestiva e a impaciência que vai crescendo rapidamente: Até poderíamos ir mais longe mas o tédio empurra-nos para o alívio do Game Over.
À medida que vamos derrotando adversários a nossa personagem ganha em experiência o que permite golpear os inimigos com mais força… Aparentemente. Não há novas técnicas ou armas… Somos apenas aparentemente mais fortes (não notei pela diferença).
Quem suportar a longa agonia da repetição do mesmo botão ad nauseum poderá ser brindado com uma luta punho contra a ferro com o famigerado Metal Gear, um robô que consegue ser mais pequeno do que algumas personagens de carne e osso do jogo.
Basta dizer que não recomendo este raríssimo jogo pois os aspetos mais risíveis se escondem atrás de camadas de button mashing vegetativo. Para os mais corajosos este playthrough completo poderá ser uma boa alternativa a ver tinta a secar.