Mystery Box é uma rubrica mensal de temas-surpresa aleatórios ligados aos jogos e a outros meios interactivos, digitais e não-digitais, apresentada por Isaque Sanches.
Já ouviu falar de Four Quarters?
A equipa Four Quarters, composta por Dmitry Karimov, Dmitry Lagutov, Alexander Goryeslavets, e Alexander Vartazaryan, trabalha há alguns anos junta em videojogos amadores. Têm participado em game jams em grupo há pelo menos três anos, todos os anos, e lançaram um jogo chamado Please, Don’t Touch Anything, publicado pela Escalation Studios.
São poucos os jogos que custam dinheiro tanto na app store da Google como da Apple, e são ainda menos os jogos que têm a audácia de pedir quase 5€. Please, Don’t Touch Anything custa tanto para PC como para mobile, o seu preço tem-se mantido mais ou menos constante desde 2015, quando foi lançado.
Foi um jogo recebido de forma positiva um pouco transversalmente.
Please, Don’t Touch Anything encaixa como uma luva na restante ludografia da equipa: um jogo simples mas atípico, 2D, feito em pixel art, com bastante carinho investido em pequenos pormenores. A premissa é esta: um amigo do protagonista vai à casa de banho, e deixa-nos sozinhos com uma máquina e os seus botões vermelhos convidativos, e um ecrã que está a filmar uma cidade. Pede-nos para não tocar neles, e vai-se embora.
Combinações diferentes de inputs têm resultados diferentes, e o jogo dá-nos o objectivo implícito de descobrir todos os possíveis incidentes que podemos causar, um bocado à semelhança (comparação grosseira, mas algo válida) de The Stanley Parable. A combinação mais óbvia, por exemplo, faz explodir a cidade, reduzindo-a a uma nuvem cogumelo, que podemos observar no ecrã.
Há uns meses lançaram uma nova iteração do jogo em questão chamada Please, Don’t Touch Anything 3D, um jogo de realidade virtual também para PC e mobile, que foge ao registo pixel art que tem marcado a identidade visual da equipa em troca de um ambiente tridimensional. Outra semelhança com The Stanley Parable, que demorou dois anos a receber um remake robusto, com um novo estilo gráfico e muito mais conteúdo, será que Please, Don’t Touch Anything 3D parece ser mais uma reinvenção do original do que mais do mesmo.
Joguei um pouco de Please, Don’t Touch Anything, achei-lhe piada mas não faz o meu género de jogo. O jogo captou a minha atenção quando o encontrei aleatoriamente no Steam e reparei no nome do estúdio que o desenvolveu, que me soava familiar, e que na verdade já tinha encontrado várias vezes no site dos resultados da Ludum Dare (uma das maiores e mais antigas game jams virtuais do mundo), nome esse que comecei a seguir deste Agosto de 2016, quando joguei um jogo deles chamado Aquadrata, com jogabilidade tridimensional mas desenhado em duas dimensões (a personagem, que é um mergulhador a resgatar tecnologia antiga, roda o corpo debaixo de água, em pixel art).
Artigo submetido por Isaque Sanches.