Todos nós tomámos conhecimento da existência de mundos como Dungeons & Dragons e de tabletop RPGs em geral por meios diferentes. Uns através de amigos que se reuniam semanalmente para contar histórias, outros cuja curiosidade despertou ao cruzarem-se com os manuais e as miniaturas numa loja e ainda outros que como eu, por mero ou acaso (ou talvez não) deram de caras com um programa de seu nome Critical Role.

Não foi através de Critical Role que vim a conhecer Dungeons & Dragons mas foi aqui que me apaixonei pelo conceito e pelo infinito oceano de possibilidades que dele faz parte. Dei por mim a ver casualmente os longos episódios de três a cinco horas e rapidamente a devorá-los. A química do grupo e a sua entrega, o mundo tão habilmente criado por Matthew Mercer e o calor da comunidade fizeram com que tudo fosse uma experiência que não podia ser rejeitada.

Pois bem, mas quem faz parte deste grupo de nerdy-ass voice actor who sit around and play Dungeons & Dragons? Temos Matthew Mercer como Dugeon Master, Liam O’Brien como o enigmático e protector Half-Elf Rogue Vax’ildan, Laura Bailey como a sua irmã gémea e Ranger que adora ouro Vex’ahlia, Travis Willingham na pele do Goliath Barbarian com uma inteligência de seis Grog Strongjaw, Marisha Ray como a socially awkward Half-Elf Druid Keyleth, Taliesin Jaffe como o Human Gunslinger com uma “consciência duvidosa” Percival Fredrickstein Von Musel Klossowski de Rolo III, Sam Riegel como o carismático Gnome Bard Scanlan Shorthalt e o excêntrico Human Artificer Taryon Darrington, Ashley Johnson como a Gnome Cleric de Sarenrae Pike Trickfoot, e claro, não nos podemos esquecer de Orion Acaba nas escamas do Dragonborn Sorcerer Tiberius Stormwind. Juntos são o grupo de aventureiros com sérios problemas com portas que dá pelo nome de Vox Machina.

Tal em como qualquer outra campanha de Dungeons & Dragons, muitos são os feitos que ficaram para a história, tanto no nosso mundo como em Exandria, onde tudo toma lugar. Batalhas épicas, ora lutando com duergar nas profundezas da Underdark, ou então a percorrer todo o globo à caça de dragões cromáticos. Enquanto isso, vão-se conhecendo e formando alianças com personagens como Shaun Gilmore, Kashaw Vesh, Zahra Hydris, Lady Kima of Vord, Allura Vysoren, entre outros. Está claro que não há heróis sem vilões, e, apesar de tudo, eles também merecem destaque, como é o caso de Clarota, Delilah e Sylas Briarwood, Anna Ripley, Thordak, Raishan e muitos mais. Amigo ou inimigo, o encontro com este grupo de aventureiros será sem sombra de dúvida algo de sublime.

Mas não é só no calor dos confrontos que se faz o espectáculo. Muitas das vezes, são as interacções sociais a verdadeira cereja no topo do bolo, cunhando expressões como “dagger, dagger, dagger”, “I would like to rage”, “your secret is safe with my indifference”, “I encourage violence”, “life needs things to live” e a célebre “how do you want to do this?”, um sinal claro de que o inimigo em questão está prestes a falecer.

Aprendi muito com este programa, não só sobre o jogo em si, as suas regras e como tudo deve funcionar, mas aprendi mais sobre o que realmente podemos tirar dele. Temos as maravilhosas aventuras que partilhamos à mesa no colectivo da nossa imaginação, a interacção que vamos mantendo entre nós e entre as nossas personagens, e pessoalmente, o potencial de acompanhamento que este sistema nos permite.

Para não falar que Critical Role não se limitou a quebrar o estereótipo associado àqueles que jogam Dungeons & Dragons, mas sim obliterou-o por completo. A imagem de jovens anti-sociais em torno da mesa às escuras na cave foi substituída pela realidade de vários grupos de jogadores de várias idades, etnias, crenças e backgrounds, que têm as suas sessões ora no conforto das suas casas ou em lojas e cafés. Graças a Critical Role, aquilo que pode ser visto como o hobby mais nerd que se pode ter atingiu a mainstream e consequentemente um colossal número de novos jogadores.

Graças a este programa, hoje administro as minhas próprias sessões, escrevo aqui para o Rubber Chicken e para todos vocês, e levo a cabo um estudo sobre a utilização de Dungeon & Dragons no acompanhamento de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo. Tudo isto porque um certo dia o primeiro episódio de Critical Role me apareceu no feed do YouTube.

Não vou dizer que assistir a Critical Role é obrigatório, mas sim que é bom demais para não dar uma espreitadela. Seja no You Tube, no site oficial da Geek & Sundry ou em directo todas as quintas no Twitch, o que é certo é que serão horas muito bem passadas. Face a todas estas hipóteses, resta-me somente perguntar: como é que queres fazer isto?