Caçada semanal #79

Percebemos o quanto a influência da linguagem pixel art dos 1980s (e 1990s) actua nos dias de hoje, pela forma assumidamente contemplativa como olhamos para alguns .gifs que demonstram sequências de animação de artistas actuais, e nos deixamos petrificar pela sua beleza.

Ver os condicionamentos técnicos das primeiras gerações de videojogos a serem catapultados para muitos dos resultados verdadeiramente soberbos que temos nos dias de hoje é algo para nos regozijarmos.

Há muitos bons artistas a trabalharem hoje no mercado dos videojogos, especialmente no segmento indie e a elevaram e a experimentarem com pixel art como os artistas precursores do género nunca imaginariam ser possível. Muito especialmente pelos constrangimentos tecnológicos que os impediam de atingir os resultados actuais.

E é a pensar nestas maravilhosas interpretações de pixel art que trazemos 3 exemplos recentes de bons jogos indie com uma excelente direcção artística.

Battle Princess Madelyn

Ghosts ‘n Goblins. Dois substantivos e uma conjunção abreviada são suficientes para causar terror a muitos dos jogadores que já andam por estas bandas há duas ou mais décadas, criando calafrios imediatos enquanto a sudorese nervosa encharca a nuca e escorre pelo resto do corpo.

Battle Princess Madelyn traz essa memória de mortes injustas por extrema dificuldade para os dias de hoje, trocando o homem-barbudo do original por uma princesa-guerreira (não é a Xena) e que homenageia o famoso jogo da Capcom da melhor maneira.

A acompanhar pela difícil missão de salvar a sua família e o seu reino, Madelyn tem o seu fiel cão ao seu lado, tão fiel que continua a acompanhá-la post mortem como um fantasma-sidekick extremamente útil que pode oscilar entre disparar fogo-fátuo ou ir fazer um ataque melee depois de “carregado”.

Ainda em Early Access, Battle Princess Madelyn demonstra um dos mais brilhantes trabalhos de pixel art deste ano, trazendo para a contemporaneidade o espírito original de Ghosts ‘n Goblins. Menos difícil do que este, mas mantendo a lógica de morrer após poucos hits (trocando as ceroulas do cavaleiro original por um vestido de noite), o estúdio Causal Bit Games traz-nos um jogo que promete e que será terminado nos próximos meses.

Space Jammers

Em géneros pejados de concorrentes (que são basicamente…todos) só há duas formas possíveis (ou três) de sobressair: ter um visual que capte a atenção de qualquer um e/ou tornar memoráveis a mecânicas do jogo. Ou ser tão mau que vai ganhar imenso espaço mediática de pura e violenta pancadaria crítica.

Space Jammers decidiu recorrer à primeira opção. Lançado recentemente em Early Access, este co-op twin-stick roguelike coloca-nos na pele (e no pêlo) de uns (mais ou menos) simpáticos gatos-piratas nas criminosas missões de “limpar” níveis inteiros de todo o seu ouro, alvejando guardas e outras criaturas reminiscentes de outros media, enquanto vamos substituindo as nossas armas por armas cada vez melhores.

Divertido, bem-executado e desafiante, oscilando entre o habitual dungeon crawling sci-fi com twin stick shooting com naves.

E gatos. Já falei nos gatos-piratas?

Holobunnies Pause Café

Futilidades à parte, tenho a certeza que a estética de Holobunnies Pause Café me vai ficar na memória muito mais vincadamente do que as suas mecânicas ou sequer sobre o que é que o jogo trata.

Como podemos ver pelo trailer e pelos screenshots, Holobunnies contém um delicioso mundo em pixel art onde controlamos uns coelhos coloridos num jogo descomprometido e com um feel muito arcada.

Dividido em três modos, este pequeno jogo que custa uns simbólicos 4,99€ no Steam, possibilita-nos defrontar outro jogador num modo Brawl versus 1×1, Adventure, um endless speedrunner platformer como todos os platformers têm de incluir hoje e um Boss Rush, onde temos de tentar bater os nossos tempos em boss fights.

E é isto.

Holobunnies Pause Café é divertido mas parece-me contar demasiado com a sua excelente direcção artística para conseguir sobressair no mercado.