Está na hora de pegarem na trouxa e saírem para uma aventura com o vosso melhor amigo! Vocês próprios!
Preparem-se para uma aventura-distopiana-pseudo-futurista em:
Feito por um one-man-army entre programação, arte e game design, Boor parece mais que isso.
Numa era em que somos invadidos por queixas e desilusões, de jogos AAA que prometem e não cumprem, que criam expectativas de algo novo, diferente, universos novos, guerras antigas e velhos contos revisitados, ficando sempre longe de as cumprir, o autor de Boor pega na sua simples ideia e cria a partir daí.
KAGE BUNSHIN NO JUTSO
Boor decidiu o que queria ser, e não tenta ser mais que isso, um belo jogo de plataformas/puzzles que tenta envolver o jogador num processo de speedrun mental, onde cada nível parece simples após termos completado o anterior, mas olhando para ele isolado, torna-se um novo desafio por si só.
Vamos focar na parte do belo jogo?
O contraste entre os tons de vermelho super-saturado e o ambiente quase em escala de cinza do meio circundante que cria nos nossos olhos uma vontade de mandar piropos para o ecrã.
A nossa personagem, não precisa de auras, armaduras brilhantes, raios de luz do céu, uma seta gigante a flutuar sobre ela, nem um animal a rebolar nas suas redondezas, pois nunca a perdemos de vista neste mundo que pouco mais de 8 diferentes cores deve ter.
Bem, falemos de história, esta foi na minha opinião o ponto fraco de Boor, não por ser má, ou menos boa, mas simplesmente por ser banal, eu sei que ninguém jogará este jogo pela história mas tenho que admitir *INÍCIO DO SPOILER* já estou farto de jogos que me fazem ajudar um tipo fixe durante todos os níveis, para descobrir que afinal ele estava a tentar que o mal superior controlasse o mundo, já foi feito, já foi inesperado, mas em 2017 é mais do mesmo, acho que ficaria mais surpreso se o tipo que me está a ajudar a ajudá-lo não me traísse, aliás, ficava mais espantado ainda se esse tal tipo que eu tenho que ajudar a sobreviver não fosse um mini-boss com mais poderes que eu. *FIM DO SPOILER*
Guardando o melhor para o fim, o gameplay é a segunda jóia da coroa de Boor: não me deparei com bugs, não me enervei com o jogo por ele não fazer o que eu queria e senti que sempre que perdi a culpa foi minha.
Boor seria um completamente normal e mundano jogo de plataformas/puzzles não fosse a sua simples mecânica principal, a possibilidade de criar temporariamente um “clone” da personagem principal para jogar um pouco por nós.
Esta personagem que eu carinhosamente nomeei “corpoaomanifesto” consegue interagir com todos os botões, armadilhas, adversários, portais e itens do jogo, podendo trilhar caminho, ou desbloquear portas que a personagem principal não conseguiria, pelo menos sem falecer violenta e dolorosamente.
A complexidade dos puzzles em si é aceitável, são cerca de 80 níveis, que tal como referi acima não foram propriamente complexos se apanhados “de rajada”, mas quando tinha que interromper a minha sessão de jogo e voltava no dia seguinte já parecia que me tinham posto a jogar no nível de dificuldade seguinte.
Tenho apenas uma “quase queixa”, dos bosses, que apesar de serem o clássico “vou fazer uma sequência de ataques sempre na mesma ordem até me matares” (o que eu tolero), poderiam não ser tão deterministas, um ataque que lançasse sobre nós uma chuva de pedras, lançava sempre o mesmo número de pedras, e sempre no mesmo sitio, sendo fácil detectar lugares seguros e removendo bastante a intensidade destas lutas que deveriam ser os pontos altos da ação de Boor após uma onda de puzzles.
Resumindo:
Aconselho, é um jogo bem feito, bonito e interessante de se jogar, os puzzles desafiam sem se tornarem enervantes e a história apesar de cliché mantém o fio condutor ao longo dos quase 90 níveis.
O melhor disto tudo é que esta maravilha de jogo indie sem sequer estar em desconto CUSTA MENOS DO QUE 5€ portanto, troquem o próximo frango churrasco por atum com cebola e já pouparam que chegue para comprar o jogo.