O nome é revelador. Police Tactics: Imperio anda em torno de tácticas policiais que devemos utilizar para combater a perigosa organização de nome Asdrúbal… Não, é “Imperio” mesmo. A Imperio é uma espécie de Máfia, mas como utilizar esse nome era capaz de resultar em algumas cabeças de cavalo em pleno vale de lençóis, chamar-lhes Imperio parece mais apelativo e sempre alude às imperiais.
Somos, então, uma espécie de verdadeiro deus senhor todo poderoso de uma esquadra de polícia. Cabe-nos a tarefa de alocar recursos para, diligentemente, combater o crime, dar porrada nos bandidos e apanhar os larápios. Investigar os trafulhas, perseguir os pelintras, desmascarar os patifes, deter os sacanas, desarmar os meliantes e transformar as nossas ruas num lugar seguro, livre de canalhas, facínoras e sacripantas. A coisa assume – tal como o discorrer do texto – um carácter repetitivo, meticuloso e, por vezes, pouco entusiasmante (lamento, lamento, tento dar-vos o máximo do meu entusiasmo…). A magia inicial, de gerir os nossos operativos, atribuindo-lhes uma viatura, criando uma rota de patrulha e atribuindo essa mesma viatura a essa rota, de ver os nossos valentes polícias a sair do carro para perseguir e imobilizar os pulhas que cometiam algum crime, vai aos poucos, sendo desvanecida pela excessiva minúcia requerida, que mastiga e remastiga as mecânicas num ruminar fastidioso e desnecessário.
Há pormenores fantásticos neste Police Tactics: Imperio. Porém, a ânsia de detalhar em demasia determinados procedimentos retiram-lhe uma das componentes fundamentais, que é o factor diversão. Algum micromanagement é bom, mas ter autonomia zero chateia. Torna-se entediante e, não tarda, vociferamos para o ecrã “Porra, oh Abel, saíste do carro, apanhaste o suspeito, voltaste para o carro, já está na altura de te fazeres à vidinha e voltares à tua rota de patrulhamento, não?”… Mas não. O Abel, capturado o cafajeste, permanece ali no carro, ouvindo a Rádio Comercial e gargalhando com as brincadeiras do Markl e do RAP. Só pode. Ou seja, cabe-nos a nós a repetitiva e morosa tarefa de voltar a atribuir o carro-patrulha à respectiva rota. Palmadinha nas costas e vá lá, senhor.
Deita-se então pela janela aquilo que são um bom punhado de conceitos interessantes, como a sub-divisão de polícias em diversas categorias. Há os que patrulham, os detectives, os inspectores, os polícias de choque… Cada qual com suas funções – embora um pouco específicas demais, pareceu-me em certas alturas – e cada qual também com suas missões, atribuídas, claro está, por nós. E como? Claro, num processo minucioso e repetitivo. Identificaram quatro testemunhas que podem contribuir para um caso? Não basta indicar ao vosso inspector para as interrogar, há que SHIFT+Clique em cada uma delas, uma por uma, para que o senhor saiba o que tem que fazer… desnecessário, frustrante a médio prazo.
Lapsos inopinados, portanto…
Com um cuidado gráfico e de vocalizações superior à média, o jogo tem, no entanto, uma abordagem quase pueril ao interface e à experiência do utilizador. Serão crimes ligeiros, sim, mas o detrimento da qualidade do usufruto da obra é notório. Com boas ideias e qualidade evidenciada em grande parte do jogo, Police Tactics: Imperio necessita de uns ajustes grandes na qualidade de vida do jogador. E aí, poderá vir a tratar-se de um excelente jogo dentro do género.
[ Todas as imagens aqui presentes, bem como todos os testes realizados com Police Tactics: Imperio foram realizados na máquina fornecida pela Alientech, a ALIENTECH MASTER EDITION, cujos specs podem verificar aqui.]