O que é que falta num sequência de artigos sobre platformers que querem fazer coisas diferentes? Um metroidvania, lá está, outro subgénero que também tem sido abusivamente explorado pelo mercado indie.
Em Ghost 1.0 somos uma andróide mercenária que foi contratada para fazer uma coisa que sinceramente ninguém se lembra. Possivelmente nem mesmo os próprios contratadores, que se fazem passar por uma organização super-secreta comunicando connosco com a voz distorcida, mas afinal são apenas dois imberbes estudantes universitários.
Há muito humor em Ghost 1.0, e que “vai bem” com a onda descontraída dos seus diálogos e das sequências de animação tradicional que acompanham as “cutscenes”.
Visto que estamos a tentar ser stealthy (o que para a nossa protagonista significa “rebentar com todos os restantes andróides antes que eles dêem pela nossa presença”) na infiltração da estação Nakamura, há uma série de mecânicas e decisões de game design que dão alguma criatividade a este Ghost 1.0.
O primeiro é o sistema de quase-permadeath, em que o nosso corpo é reconstruído na impressora 3D mais próxima após a nossa morte, mas na sua versão vanilla, sem quaisquer upgrades que tenhamos ganho, tornando o acto de morrer um verdadeiro suplício depois de termos encontrado algumas armas interessantes.
Associado ao típico metroidvania estão uma série de habilidades que vão sendo desbloqueadas à medida que avançamos nos níveis, em que a mais curiosa é a “projecção astral” da consciência da nossa protagonista, permitindo que a sua alma abandone o corpo. Temos então a possibilidade de possuir o corpo de outros andróides presentes no mapa, o que não só nos vai permitir criar o caos ao dispararmos contra outros inimigos, como nos permite resolver puzzles, abrir portas, ligar interruptores, bastando o toque de um botão para voltarmos ao nosso corpo.
Com o mesmo estilo artístico tradicional de UnEpic, o jogo desenvolvido por Francisco Téllez de Meneses,que repete aqui a mesma abordagem neste simpático Ghost 1.0. Para além de um curioso metroidvania que não se leva demasiado a sério, há aqui muita inspiração em Metroid, seja pelo tom, seja pela abordagem da protagonista.