Caçada semanal #79
Todos crescemos com platformers. Quando digo “todos” digo também os muitos indie developers que devem na sua infância ter passado os dedos pelos comandos da NES nos mesmos jogos que nós jogámos. Como é que eu sei disto? Porque o mercado indie o que tem em abundância são jogos do género, alguns mais genéricos, e outros a tentarem ter algum pequeno twist para nos cativar.
São 2 desses pequenos twists que falamos hoje.
88 Heroes
Sabem aqueles títulos que apenas por si só dizem tudo? É o caso de 88 Heroes, um jogo de plataformas em que possuímos… esperem… vou deixar-vos adivinhar…
Sim, é isso mesmo. 88 heróis. Difícil? Possivelmente para vocês que nos lêem não, mas acredito que 80% da administração Trump teria grandes dificuldades em fazer follow-up a este raciocínio.
As componentes de platforming são simples: temos de percorrer cada nível e os seus obstáculos e chegar à “meta”. Mas tratam-se de 88 níveis, para ultrapassar em 88 minutos, e cada um tem que ser passado em 88 segundos utilizando 88 heróis com permadeath.
Sempre que um herói morre, há um novo aleatório que toma o seu lugar no início do nível. Cada um destes 88 heróis são personagens amplamente inspirados pela cultura pop com mais ou menos piada, e com mais ou menos utilidade. Vamos certamente cruzar-nos com alguns tão inúteis que morrerão nos primeiros segundos, e outros que irão conseguir atravessar os níveis a voar.
88 Heroes é engraçado, mas o seu apelo fica-se pela diversidade do elenco. Pouco mais do que isso.
Splasher
Super Mario Sunshine é estranhamente underrated para muitos jogadores. Sendo verdade que não está no mesmo patamar de genialidade do seu antecessor e do seu sucessor, mas trouxe mecânicas diferentes e muito aproveitadas desde então no mercado dos videojogos.
Splasher, desenvolvido por uma pequena de três developers, em que o Lead Designer pertenceu à equipa que desenvolveu Rayman Origins, vem buscar inspiração a Super Mario Sunshine, trazendo as mecânicas de limpar conteúdo tóxico para o ambiente bidimensional de um platformer passado por labirínticos níveis dentro de um laboratório.
Não sei quem esteve responsável pela decoração e arquitectura deste laboratório, mas pela versão caótica e pouco racional acredito que tenha sido o Gustavo Santos e o seu Querido Mudei a Casa. É que a nossa tarefa de hardcore e minucioso jogo de plataformas no qual temos de “lavar” toda a toxicidade, para além de alguns corantes especiais na nossa água que nos permite por exemplo agarrar-nos às paredes, Spider-Man-style.
Speedrunning e precisão são os elementos deste platformer que consegue trazer um bocadinho de limpeza criativa a um mercado algo saturado. E até me permitiu fazer um pequeno trocadilho.