Caçada semanal #82

“Estratégias há muitas, seu palerma!” podia ser uma frase do saudoso Vasco Santana mas não é. Mas apesar de não ser, é uma verdade perfeitamente verificável se olharmos para o mercado dos videojogos. Isto há de tudo e para todos os gostos, desde estratégia em tempo real a estratégia por turnos, tower defenses e jogos de gestão.

“Prognósticos só depois da estratégia” teria mais piada se tivesse saído da boca do João Pinto, ex-capitão do Porto, mas não foi. Mas podemos fazer um prognóstico de que os 2 indies do qual vamos falar são no mínimo interessantes. Podemos afirmá-lo por uma razão simples: já os jogámos.

Afghanistan ‘11

Vindo da Slitherine poderíamos esperar à primeira vista um wargame como os muitos que preenchem o excelente catálogo da editora. Mas Afghanistan ‘11, o jogo que tenta recriar o conflito do EUA (e aliados) naquela região, uma guerra que dura há já 16 anos e que não tem fim à vista.

Se Afghanistan ‘11 fosse um wargame típico saberíamos que militar e tecnologicamente os EUA teriam a vantagem e facilmente venceriam qualquer conflito armado, mesmo que virtual. Mas este jogo não trata de combate directo ou guerrilha no sentido habitual do termo, mas sim de contra-insurgência, ou seja, a capacidade de minimizar facções rebeldes e extirpar as suas raízes. É disso que trata Afghanistan ‘11, um interessante jogo de estratégia que coloca o ónus mecânico em conseguir criar uma proximidade entre o exército norte-americano e as populações afegãs.

Depois de Johan Nagel o seu criador (que já contava com um jogo no portefólio, Vietnam ‘65) aprimorar estas mecânicas de contra-insurgência nesse primeiro jogo, sentimos que a componente táctica e de gestão (típica mais de um tycoon) torna este Afghanistan ‘11 um excelente jogo com uma vertente mais política do que wargaming.

Club Manager 2017

Não é um campo nada fácil este onde Club Manager 2017 se enfiou. Estamos a falar de um mercado tão de nicho que parece não haver qualquer espaço de manobra à volta de Football Manager, sendo que esta domina por completo as apetências pelos treinadores para além da bancada, daqueles que sentam à secretária no conforto do lar.

Um jogo notoriamente feito de fãs de FM para fãs de FM, que acaba por sofrer com um problema simples dos jogos de futebol mais pequenos: a falta de licenciamento global de jogadores e clubes.

Se quando éramos miúdos até nos ríamos com os nomes ficcionados de jogadores como o célebre Luís Fígarros, nos dias de hoje é muito difícil optarmos por um jogo como este Club Manager 17 que custa 29,99€ do que pelo FM que possui todos os licenciamentos possíveis e imaginários. É triste mas é a verdade do mercado.