Chamar a atenção do público no saturado mercado de videojogos é difícil, fazê-lo como um pequeno indie sem orçamento de marketing nem atenção mediática é uma tarefa quase ao alcance apenas de Ethan Hunt.
Se há um mau ano para colocar a palavra Horizon no título de um jogo é este. Desengane-se quem pensa que é fácil chegar a uma pesquisa certeira até um jogo indie chamado Star Story: The Horizon Escape, em que se limitam a pesquisar Star, Story e Horizon. Difícil não é? E aqui reside o erro capital do estúdio Evil Corporation Games: criar um nome genérico e pouco distintivo para um jogo que ironicamente até o consegue ser.
Ali no título do artigo – e ainda que o nosso css não o demonstre – as palavras Aventura e Fantástica aparecem com as iniciais capitulares. Aparecem porque a vontade não era a adjectivação, mas a proximidade entre as “nossas” Aventuras Fantásticas (traduzidas e publicadas pela Verbo a partir dos originais Fighting Fantasy) e a forma como Star Story: The Horizon Escape quis chegar a esse espectro de jogo/narrativa.
Aqui somos um arqueólogo que (surpresa) se despenha num planeta desconhecido. A narrativa vai-se balanceando entre a curiosidade académica de conhecer e explorar mais e o medo e a vontade de sair deste mundo hostil o quanto antes.
Cada passo é um parágrafo de Fighting Fantasy. É-nos apresentado o cenário e as respostas possíveis (algumas delas bloqueadas por não termos atributos suficientes para os responder). O outcome das nossas decisões é muito similar ao desenrolar da história nesses livros de aventura que nos acompanharam na adolescência: pode ir entre o sucesso brilhante em que escapamos incólumes e com alguns recursos extra, até à resposta caótica que não só nos faz perder algum item como nos obriga a combater.
O combate é feito por turnos, e conta com algumas mecânicas e atributos mais complexos do que os que possuíamos nos velhinhos livros de Ian Linvingstone. Efeitos, debuffs, damage-over-time, munições, são uma série de variáveis que temos de ter em conta em cada combate, e em que percebemos que o melhor quase sempre é ir pela via diplomática sempre que possível.
Quase tudo em Star Story: The Horizon Escape é limitado. Desde a sua narrativa às suas mecânicas, há muito que nos faz rapidamente aborrecer após 20 minutos de jogo. O que não significa que não possa ser um jogo no qual pegamos 1 ou 2 dias depois apenas para sentirmos o ímpeto a regressar e tentarmos finalmente encontrar a fuga para o espaço.
É uma abordagem diferente, quase side scrolling na apresentação, aos livros de aventura. Uma forma interactiva de contar uma história e sentirmos que as nossas decisões impactam a o mundo. Star Story: The Horizon Escape está cheio de boas ideias e boas execuções, mas despenha-se redondo nas limitações da própria equipa, e do baixo orçamento notoriamente disponível.
Mas não deixa de ser divertido e também um bom primeiro passo para este estúdio, deixando no ar a possibilidade de voltarem a esta abordagem de livro tornado videojogo.