Caçada Semanal #85
1990s. A década em que andámos a aprender que este é o ritmo da noite, que o ritmo é um dançarino, o que fazer sábado à noite e a aprender o que é o amor. A década em que a Europa se colocava de bicos de pés e castigava presenteava o mundo com o azeite melhor que a música dançável tinha para fazer escorregar contagiar as pistas de dança pelo globo a fora.
Se a Holanda tinha os 2 Unlimited e a Itália os Corona, Portugal, com a valente plantação de oliveiras que possui acabou por ter os Santamaria na segunda metade da década, a mostrar que o óleo português tarda mas não falha.
Não é sobre Eurodance esta octogésima quinta Caçada Semanal mas sobre dois indies relacionados com ritmo. Muita música electrónica, muita batida, mas pouca Eurodance.
E ainda bem.
Aaero
Rez mudou em muito o mercado dos jogos de ritmo, antes do furor desmesurado de todos os acessórios e guitarras e baterias e gira-discos para consolas tornassem as nossas casas um mostruário de add-ons a consolas.
Mas Aaero vai um pouco mais atrás (e à frente) trazendo-nos com a sua direcção artística vibrante para o cruzamento de dois mundos, ambos rítmicos e que criam interacções mecânicas distintas.
Por um lado a necessidade de seguirmos a música, fazendo-o de forma literal ao termos de estar sempre conectados a um trilho luminosa que surge em frente da nossa nave. É claro que o objectivo/desafio não se remete a apenas circular em 360º no plano fixo em que controlamos a nave, mas também o facto de termos quase de fazer rotações milimétricas e ritmadas ao nosso analógico.
A segunda componente, essa sim importada directamente de Rez, é a componente shooter. Aqui temos de passar com o analógico por cima dos inimigos para “trancá-los” como alvos, e quando largamos a mira projectamos uma série de raios para explodir com os inimigos. Rápido, natural e perfeitamente interligado com o ritmo.
Aaero é um excelente cruzamento entre um rail twin stick shooter e um rythm game e que transforma o dubstep num ambiente perfeitamente jogável, e acima de tudo, coeso. Talvez a segunda melhor utilização do subgénero musical no mundo dos videojogos.
Beats Fever
Para alguns a sensação que sentiam a sair do Kadoc ou do Kremlin com o Sol a nascer, com o corpo e a circulação sanguínea meio alteradas pelo álcool ou outra coisa qualquer que tivessem lá metida, e para outros o mais recente jogo musical a chegar ao ambiente VR, de seu nome Beats Fever, desenvolvido pelo estúdio Arrowiz.
Depois de ler o artigo do Bernardo sobre o Thumper fiquei seriamente a pensar que o VR poderia ter aqui um bote salva-vidas a que se agarrar ao colar-se aos jogos de ritmo/musicais. Os muitos jogos que têm saído para Vive e Rift no PC têm-nos mostrado que essa é uma realidade plausível e que este é o ambiente certo para estes jogos.
O ritmo aqui é bem importante e o timing preciso com que as bolas são “atingidas” marcam a diferença entre um perfect, um good ou um miss.
Beats Fever põe-nos a mexer, a suar em bica e a queimar calorias, mais ou menos como as ditas noites no Kadoc ou no Kremlin. Nunca lá cheguei a ir mas dizem que é assim. E nos dias de hoje parece que isso é suficiente.