Já aqui se falou sobre o que é meta-gaming e o quão prejudicial consegue ser para o bom desenrolar de uma sessão. É verdade que ter uma personagem omnisciente ao ponto de saber tudo o que se passa em torno da mesa pode ser anti-climático, mas é possível tornar esta possibilidade em algo mais interessante.
Para começar, ter jogadores a debaterem entre si os itens que possuem e as habilidades/situações em que são proficientes será sempre uma constante (dependendo de grupo para grupo), pelo que não há necessidade de ver isto como um grande problema. Contudo, tudo acaba por se complicar quando se trata de passar informação. Matthew Mercer no programa Critical Role consegue contornar este ponto com os agora célebres whispers. A título de exemplo, se um jogador conseguir realizar com sucesso um check de Insight, ele levanta-se, aproxima-se do jogador e sussurra-lhe ao ouvido as verdadeiras intenções daquele NPC ou qualquer outra informação apropriada. O resto da mesa fica alheia ao que foi transmitido e mantém-se um clima de suspense. Outras alternativas aos whispers seriam mensagem escritas passadas por envelope ou dentro de caixas… ou até mesmo enviadas pelo telemóvel.
Mas, e se um jogador estiver constantemente a aproveitar-se destes pormenores para benefício próprio? Simples, inclui-o na história. Dá a esse jogador a possibilidade de fazer um check de Percepção ou outro check adequado e se ele rolar (absurdamente) alto dá-lhe a habilidade temporária de ver tudo como o jogador vê, personagens 2D ou 3D descritas em folhas de papel e controladas por gigantes. Ou fá-lo encontrar um artefacto que lhe permita manter-se em contacto constante com outros planos de existência, nomeadamente o nosso. Mas o artefacto está amaldiçoado e agora a sua personagem terá que viver toda a sua vida ciente daquilo que realmente é.
Meta-gaming pode ser um bocado chato, é verdade, mas basta deixar de o ver como um obstáculo e sim como um pretexto de forma a criar algo novo e diferente para que aquilo que era um inconveniente se torne num ponto fulcral da narrativa.