Há qualquer coisa que habitualmente me afasta de coisas grátis, seja porque não confio em ninguém e acredito que não exista nada genuinamente grátis porque tudo tem um custo, até na natureza, ou seja porque sempre que vejo algo grátis lembro-me de uma moça que conheci há umas décadas e a sua discussão com uma cartomante numa feira, porque o cartaz dizia: Consulta e leitura Grátis! Grátis! Portanto ela queria a consulta dela e a cartomante discutia que a Consulta era paga, e a leitura era oferta desse pagamento. Parece estúpido mas para mim sempre foi um sketch humorístico especialmente porque essa moça tinha uma certa dificuldade em pronunciar “erres” e dizia:
“Ali está esqueguito guegátis, guegátis, se diz guegátis guegátis, eu quego a consulta e leituga guegátis, guegátis” (sic).
O jogo de hoje não é sobre cartomantes nem sequer é sobre pessoas que tem dificuldade a dizer “erres” ou “éles” como o Felisberto Lalande mas sim sobre Orcs e defesa de linhas de combate.
Nunca joguei os outros Orcs Must Die, nem sequer sei do que tratam ou o mínimo que seja das suas mecânicas, portanto a minha visão de Orcs Must Die: Unchained é completamente isenta de ideias e vícios dos seus antecessores.
Orcs Must Die: Unchained é um tower defense muito mais energético do que eu estou habituado, e desse modo foi uma lufada de ar fresco na minha lista de jogos. É mais focado para um ambiente multiplayer online que para um modo a solo, que para mim retira pontos, mas não é por isso que lhe vou dar uma opinião negativa. Este é uma espécie de action/tower defense, onde temos que preparar as nossas armadilhas e depois impedir as vagas de Orcs e criaturas que aparecem no nosso território de jogo, em combate directo.
Dentro do sistema destes jogos de defesa é mais táctico que o normal porque requer mais planeamento prévio. Ou seja precisamos pensar exactamente onde colocar os nossos itens porque não vamos ter mais durante a invasão, só entre as vagas é que podemos alterar o layout. Orcs Must Die: Unchained é uma espécie de tower defense por turnos (mas jogado em tempo real), estranhamente semelhante ao que seria de esperar num mundo medieval/fantasia como o que se situa.
Temos um número limitado de peças para colocar em campo previamente, precisamos pensar como e onde as colocar para tirar o máximo de efeito delas e depois accionar o ataque dos nossos inimigos onde temos que lutar num estilo mais shooter/over the shoulder. Depois dessa vaga acabar e sobrevivendo podemos colocar mais armadilhas, ou alterar o padrão e repetir o processo. Os locais e cenários vão mudando assim como os monstros que nos atacam, mas a fórmula vai sempre sendo a mesma.
Além de achar que é está muito focado para o Multiplayer tornando o Single Player mais difícil e desagradável, o jogo é óptimo para umas incursões rápidas para desanuviar, mas infelizmente cai também no campo de todos os Free to Play onde opções extra têm que ser pagas aos poucos ou ganhas através de grinding extremo. Contrapor estas opções com uma possibilidade de compra total seria óptimo. Abriu-me o apetite para jogar às duas incursões originais, e isso é bastante na minha visão de o que um Free to Play pode fazer.
Mesmo com as falhas acima mencionadas é um bom para jogar com os amigos seja em qualquer um dos modos à disposição, e se não gostarem não perderam nada por tentar porque é guegátis, guegátis!