Tirando alguns desvios do caminho, eu acho que a Sony sabe quais as batalhas onde deve investir as suas unidades. No ano passado as bateria apontadas ao 4K e ao VR trouxeram os devidos dividendos, e rapidamente a empresa percebeu qual deveria ser a sua estratégia de comunicação, adaptando-se às respostas subtis do mercado.
Nesta conferência da E3 a PS4 Pro não foi mais do que uma nota rodapé, após a companhia perceber que já conquistou o nicho específico do seu mercado que é permeável a essa realidade. Sem novo hardware para apresentar restava falar dos títulos, na sua grande maioria já revelados e a necessitarem de mais sumo para encher as medidas mediáticas (passando a redundância) e a necessidade de saber mais do público e da imprensa.
Se a Pro foi nota de rodapé para não soar repetitivo em relação ao anterior, e por outro lado para não puxar à tónica que interessava à sua concorrente, a do poder e do 4K, o PSVR demonstrou que existem títulos a serem desenvolvidos para quem achava que o avultado investimento no dispositivo pudesse não estar a compensar versus as horas de diversão devolvidas, dos quais o já falado Skyrim VR é provavelmente o título que mais salta à vista. Literalmente.
Revelações, essas, foram poucas. O remake de Shadow of the Colossus pode ou não ter sido suficiente para deixar toda a gente arrepiada, a ver como é que essa obra-prima dos videojogos pode ser trazida para a estética e as melhorias tecnológicas de hoje sem desvirtuar um pouco que seja a obra original.
Por outro o regresso dessa franquia multimilionária da Capcom às consolas PlayStation com Monster Hunter Worlds, que deixou já muitos possuidores da PS4 felizes e muitos da Switch apreensivos pela chegada de um novo título à consola da Nintendo.
Knack 2 tem aqui a oportunidade de se redimir de um primeiro jogo que foi quase massivamente criticado e que pouco burburinho criou aquando do seu lançamento.
Ao contrário do direccionamento que as primeiras imagens de God of War demonstravam com um distanciamento grande da série original, este novo vídeo de gameplay já parece estar a meio caminho entre o que conhecemos de God of War e potencialmente aquilo que é hoje definido dentro do raio de acção dos novos Tomb Raider.
Days Gone teve finalmente um pouco mais de desenvolvimento, trazendo uma aura muito baseada naquilo que é Horizon Zero Dawn e tentando (vejamos se com sucesso) dar uma lufada de ar fresco à utilização de zombies em medias culturais. Pessoalmente estou apreensivo e admito que talvez tenha sido dos jogos que menos entusiasmo me motivou em toda a E3.
E por falar nele, Horizon Zero Dawn receberá um DLC do qual pouco se sabe, ao mesmo tempo que conseguimos ver um pouco mais de Uncharted: Lost Legacy que transparece a inimizade e o incómodo mútuo entre as duas protagonistas.
Detroit: Being Human, o regresso de David Cage atrás das câmaras fictícias que programam videojogos parece ter tomado um caminho ligeiramente diferente do vídeo de revelação. Ou existirão múltiplos enredos paralelos que unir-se-ão (ou não) eventualmente, ou o manto do protagonismo poderá acabar por cair em cima do “replicant” protagonizado pelo actor Jesse Williams, sobre o qual se centrou todo o vídeo desta E3 2017.
Mas o grande título da conferência e aquele que a encerrou, e possivelmente o meu jogo favorito de toda a E3 2017 é mesmo Marvel’s Spider-Man a trazer tudo aquilo que sempre sonhámos que um videojogo do super-herói aracnídeo pudesse vir a ser. Aliás, desde os primeiros Batman da Rocksteady que se percebia que aquela abertura e fluidez toda era exactamente o que sempre quisemos que fosse produzido para Peter Parker e o seu alter-ego. Felizmente que a veterana Insomniac demonstra isso mesmo, apresentando um dos jogos de acção mais fluídos que alguma vez vimos.
A sony estava numa posição confortável para esta E3, e isso sentiu-se na sobriedade e falta de espalhafato em todo o seu marketing. Tudo o que tinha para apresentar eram jogos, e limitou-se a fazer exactamente o que lhes competia, com muitos títulos a chegarem já nos próximos meses, e a demonstrar que ao contrário da sua grande rival, a produção interna está ao rubro e fará valer os muitos exclusivos que as plataformas domésticas necessitam.