Hotel California dos Eagles tem o que considero um dos melhores solos de guitarra de sempre a par do solo de Freebird dos Lynird Skinner. Hotel Dusk da agora extinta CiNG é quase tão bom.
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A segunda entrada das melhores Visual Novels da Nintendo é a epítome de tudo quanto a DS nos podia dar. Após várias experiências de vários estúdios a CiNG conseguiu aprender com o melhor dos sucessos e os piores erros para criar uma aventura que era uma mistura de graphic novel, com um romance policial dos anos 1970, uma pitada de film noir sem esquecer o um pouco de resolução de puzzles.
Na maior parte dos casos, Hotel Dusk tinha pouco de jogável, era mais uma história em que podíamos controlar o protagonista enquanto o ajudávamos a resolver os problemas que enfrentava. Neste ponto Hotel Dusk encontrava se na sua forma mais fraca. Assim como muitos jogos deste estilo, que forçam o jogador a seguir uma história linear pode ser frustrante quando sabemos onde ir, como é porquê, mas por nos faltar, literalmente, uma peça do jogo não podemos avançar, ou até temos que esperar por algo específico para o fazer. Facto constante nos jogos deste estúdio que acaba por não ser uma falha e torna se um feature como foi visto em Cold Cases dos mesmos criadores.
Um grande jogo não tem que ser perfeito, nem mesmo os que são considerados os melhores dos melhores o são, portanto as falhas acima referidas não são o suficiente para que Hotel Dusk seja penalizado tendo em conta o que dá ao jogador.
A primeira impressão deste jogo é logo na diferença em pegamos na DS como se de um livro se tratasse, esta simples rotação física é o suficiente para retirar a mentalidade de “jogo” da cabeça e colocar a perspectiva num ambiente de leitura. O grafismo dos personagens numa mistura de esboço de BD/animação a preto e branco contrasta com os cenários coloridas em tonalidades terra e pouco iluminadas.
Onde Hotel Dusk mais rendia era no enredo, a história de um ex-policia que se torna vendedor ambulante e dá por si a investigar um mistério que tem tanto de pessoal como de interessante, ao mesmo tempo que quer fazer o seu trabalho e seguir o seu caminho numa reformulação do mítico verso:
“You can check out any time you like, but you can never leave.“
Acontecia-me várias vezes este dilema de querer acabar Hotel Dusk e não conseguir, muitas vezes a frustração ganhava em alguns puzzles e via-me obrigado a fechar a consola para mais tarde lá voltar, como se de uma amarra se tratasse. Felizmente este fechar e reabrir da consola chegou, como em outros jogos da DS, a ser a solução de um dos puzzles, assim como bufar em desespero activando o microfone. Pequenas preciosidades que temo não ver muito mais vezes utilizadas.
Hotel Dusk é um jogo obrigatório para quem tem uma DS nem que seja apenas para testar um estilo diferente, na próxima entrada fechamos as Visual Novels para já com o mesmo número de horas, portas e pessoas.