Caçada semanal #95

Com todas as críticas de sobrelotação de jogos e muitas vezes de falta de originalidade de títulos que rapidamente recebem um rótulo de shovelware, mas há algo do qual ninguém se pode queixar: diversidade.

É a apologia da diversidade que trazemos esta semana, com três jogos completamente diferentes a celebrar três plataformas distintas onde podemos jogar: no mobile, nas consolas e no PC.

Astro Dual Deluxe

O segundo sucessor espiritual de Asteroids que jogámos em quinze dias, a provar que um dos primeiros jogos da História continua a influenciar as gerações actuais de developers com as suas peculiaridades.

À semelhança de World Destroyers, Astro Duel Deluxe, o exclusivo da Nintendo Switch e port do jogo Astro Duel do PC, pega nas mecânicas clássicas de um jogo com quase 40 anos e decide implementar-lhe uma abordagem multi-jogador.

É de salutar a forma como o estúdio Wild Rooster tentou trazer elementos únicos com as funcionalidades da Switch. Para além do suporte de até 6 jogadores com Joy-Cons, foi criada uma forma de 4 jogadores digladiarem-se em Astro Duel Deluxe através do touchscreen da Switch, em que cada um fica com um canto do ecrã e possui dois botões translúcidos.

Ainda que seja interessante a ideia, parece-me a abordagem menos conseguida de Astro Duel Deluxe. O ecrã da Switch não é grande suficiente para que os dedos e a própria presença de quatro jogadores às sua volta não acabem por interferir com a visibilidade do próprio jogo.

Astro Duel Deluxe é um jogo competitivo curioso se tiverem com quem dividir Joy-Cons e o sofá da vossa sala. Ou tratando-se de uma Switch, que tenham um humano com quem possam jogá-lo. É que este jogo não possui modo single player nem online multiplayer e amigos não vêm incluídos com a compra.

Hell Warders

Tower Defenses com Action RPG não são novidade, que o digam Orcs Must Die e Dungeon Defenders, que souberam trazer um dinamismo diferente para o género. Numa época em que já poucos jogos deste subgénero de estratégia em tempo real são lançados, é uma surpresa ver um jogo bastante interessante a querer aventurar-se por terras já não tão férteis quanto outrora foram.

Desenvolvido pelo estúdio Ares Games, onde Hell Warders se destaca do ar de fantasia e simpatia dos dois jogos que referi é na sua vertente mais “séria”. Sem personagens ou monstros cartoonizados, Hell Warders é o bom e velho action RPG com monstros mais “realistas” e assustadores, e menos próprios para os mais pequenos.

Onde o visual mais fofo de outros jogos semelhantes pode afastar os mais empedernidos jogadores, Hell Warders apresenta a badassery expectável de um jogo para um público mais adulto.

Ainda em Early Access mas com muita afinação, o foco de Hell Warders é aquele que os dois jogos supra-citados também têm: o de trazer o subgénero para dentro dos jogos multiplayer, potenciando a jogabilidade em cooperação com amigos que juntam as suas espadas e armaduras às nossas para defrontar hordas de demónios e monstros.

Quem diria que teria de ser uma abordagem mais conservadora em relação à estética dos RPGs ocidentais a conseguir agitar um pouco as águas deste subgénero de tower defenses, naquele que é um dos mais afinados jogos lançados no sistema de acesso antecipado do Steam?

Finger Band

Começamos por essa plataforma subvalorizada de videojogos: o mercado mobile. É verdade que muita culpa deste descrédito para com os jogos que por lá andam é o facto de termos de navegar por uma quantidade absurdamente superior de shovelware na App Store e Google Play para conseguir encontrar bons jogos, onde infindáveis fotocópias dos jogos do momento preenchem os lugares cimeiros das lojas.

Finger Band não é uma maravilha dos jogos, mas consegue com a sua abordagem um pouco bizarra aos jogos de memória e de música, trazer uma visão diferente, e algo louca, ao subgénero.

O pequeno jogo de 0,99€ desenvolvido por Sherpa Reynolds coloca-nos na divertida e desafiante missão de reproduzir as linhas rítmicas de cada etapa de cada nível, onde algumas falhas seguidas nos levam ao falhanço quase imediato.

Finger Band poderia ser uma óptima aposta para os mais novos se não fosse tão difícil e muitas vezes impiedoso. As loucas construções de objectos diferentes que se tornam instrumentos musicais são verdadeiramente Até para mim que considero que tenho uma óptima sensibilidade rítmica é frequente falhar, com toda a justiça admita-se.