Ser uma sequela é uma tarefa difícil. Ser uma sequela tão semelhante com o jogo original, que apesar do nosso título ser composto por cinco substantivos apenas um difere entre ambos os jogos é coisa para confundir qualquer jogador menos informado na hora da compra.

Apenas 2 anos depois do lançamento de Operation Abyss: New Tokyo Legacy, o estúdio Experience Inc. brinda o mercado oriental e ocidental com mais um jogo. A rapidez de lançamento entre ambos é facilmente explicada pela replicação de assets e elementos entre ambos os jogos, em que um é intrinsecamente interligado com o outro.

Este é um dos primeiros problemas de Operation Babel: New Tokyo Legacy: é quase obrigatório jogar a seguir ao primeiro, e não apenas porque o complicado e obtuso enredo perde literalmente o fio à meada quando mergulhamos neste jogo sem conhecer o anterior.

Por alguma razão algumas das mecânicas mais complicadas de Operation Babel: New Tokyo Legacy, e que vão muito para além do mero first person dungeon crawler são mal-explicadas nesta sequela, e nem os manuais in-game conseguem trazer luz às nossas dúvidas. Aliás, parece existir algo lost in translation ou pouco metódico na forma como foram redigidos, e mais vezes nos confundem do que seriamente respondem às nossas dúvidas.

Tirando a parte narrativa que é mediana e cliché como grande parte dos congéneres, Operation Babel: New Tokyo Legacy é um first person dungeon crawler muito competente. É claro que está alguns níveis abaixo daquele que para mim é o melhor exemplo actual do género, que é Etrian Odyssey, onde a sua componente cartográfica e ambiente mesclado entre o sério e o leve acabam por criar a experiência mais interessante e completa do género tão em voga no mercado nipónico.

Como é esperado de um first person dungeon crawler oriental, a dificuldade é imensa, e é uma das “desculpas” que nos obrigam a um grind quase incessante. Digo apenas uma porque ou sucumbimos à necessidade de fazer um grind tão excessivo que quase todas as dungeons são fáceis por defeito, em que estamos tão à frente em escala de poder dos inimigos, ou então temos de alinhavar a constituição da nossa party da forma mais cerebral possível.

A possibilidade de morrermos é muito grande, e por isso uma das mecânicas adicionadas neste Operation Babel: New Tokyo Legacy é uma das melhores adições que a série podia ter incluído. Nesta nossa procura pela party ideal, é possível nesta sequela atribuir uma subclasse a cada personagem, personalizando-os de forma a ficarem o mais próximos possíveis da nossa equipa ideal, e escaparmos assim àquele destino tão provável deste e de outros géneros: o Total Party Kill e o consequente Game Over.

A direcção artística de Operation Babel: New Tokyo Legacy é boa dentro da sua linguagem manga-esq, e vem em linha com a qualidade visual que o estúdio Experience Inc nos habituou.

Operation Babel: New Tokyo Legacy é uma boa aposta num interessante dungeon crawler, se as componentes mecânicas e de desafio forem as nossas únicas preocupações, e o enredo for facilmente negligenciável, estando alguns furos abaixo de outro jogo narrativamente melhor desenvolvido pela Experience Inc: Stranger of Sword City.

Pela linha de continuidade entre ambos os jogos, aconselho vivamente a fãs do género a comprarem Operation Abyss: New Tokyo Legacy e Operation Babel: New Tokyo Legacy (não confundir ambos) e jogá-los de seguida, e vão facilmente perceber o que eu percebi: esta é uma experiência para se ter seguida, sem interrupções, e a sequela nunca deveria ser jogada/vendida sem a presença do original.