Este artigo é só para assinalar que tudo indica que a “Mini” Snes vai ser 20 Euros mais cara que a predecessora e com menos jogos (21 em vez de 30).
“Mas Matiuuu ela vem com mais um comando!” 20 euros o comando? Mas eu alguma vez pedi esse comando? Até podia vir com um comando mais dois litros de Coca-Cola e um pacote de Cheetos, obrigar-me a pagar um extra que eu não pedi por um preço que não considero ser justo mereceria alguma reflexão por parte da intelligentia da indústria.
Felizmente os tempos são bons na Nintendolandia e esta falha evidente parece não ter emocionado ninguém até porque a predecessora gozou de um mercado especulativo quase sem precedentes. Nunca foi tão fácil disfarçar PR por jornalismo e o meu feed demonstrou mais uma vez que andamos embalados pelos “ursinhos carinhosos” dos Press events. Porque eu partilho o sentido de oportunismo demagogo de um Paulo Morais aqui vai um conjunto de palavras sobre o tema… Bom, qual é o propósito da gama “Classic”? (Na ótica do utilizador evidentemente)
Tenho uma NES Classic que a minha esposa carinhosamente me ofereceu no Natal, provavelmente comprada das mãos de um contrabandista do OLX. É um objeto bonito que eu valorizo por colecionismo até ao ponto de já ter considerado deslocá-lo para a vitrine onde exponho os meus caprichos nerds. O móvel da sala não sabe muito bem como acomodar esta miniatura que se alimenta por cabo USB mas precisa de estar perto do jogador por ter um comprimento de comando inferior à minha pi…: Perdi a paciência e comprei uma extensão barata naquele site chinês de sempre.
Gosto da minha “mini NES”. É algo a que eu jogo muito ocasionalmente quando nos sábados às 3h da manha o meu fracasso enquanto ser sociável anseia por nostalgia. Misturo a cerveja, lágrimas e arrependimento por ter escolhido um jogo que me obriga a arrastar-me pelo chão para carregar no reset. Pelas 4h da manhã a preguiça já me convenceu de que o Ice Climber não é assim tão mau e vale a pena insistir.
As principais críticas que surgiram antes do lançamento deviam-se às limitações da “consola”. Pedia-se internet, loja online para comprar mais jogos e todo tipo de multi features que só teriam encarecido o produto. A NES Classic pareceu-me absolutamente perfeito. Plug and play, sem updates e complicações. Um objeto para colecionar que poderia perfeitamente ter sido vendido só pela nostalgia do seu plástico. O Preço bastante acessível era outro argumento de peso. Colocar um objeto limitado e com um valor essencialmente afetivo a um preço razoável fez nos esquecer os defeitos. Evidentemente com tanta gente interessada e poucas unidades a frustração roubou-nos o bom senso e o preço tornou-se um pormenor, mas grande parte do desejo alimentou-se da convicção de que gostaríamos de ter uma sem mesmo sequer a ter experimentado.
Ora, nostalgia 16 bits por 80 Euros a coisa merece já alguma ponderação pois aproximamo-nos da fasquia dos 100, algo habitualmente reservado para compras mais… Sensatas. Em relação à NES Classic é uma subida de mais de 30%. Não há nada do mundo que possa ter uma subida de 30% sem provocar algum questionamento… Menos “cenas” da Nintendo, claro. Estou cada vez mais convencido de que o governo deveria colocar a sigla do pai Mario nas bombas de combustíveis para gozar da paz universal em matéria de subida de preços.
Ninguém precisou de uma NES Classic para jogar jogos da NES. Com tantos emuladores disponíveis para tantas plataformas e ROMs à distancia de um Google esta gama “classic” dificilmente vale pelo objetivo pragmático de “jogar”. É algo que aliás foi altamente criticado por quem reduziu o objeto a essa funcionalidade e não conseguiu perceber as razões da sua popularidade. Ninguém desistiu de um NES Classic para arranjar um RaspberryPie caseiro com 1000 jogos por metade do preço: as duas opções nunca estiveram em competição. Queríamos um “mini NES” porque era estupidamente fofo e era um acessório indispensável para o nosso “Nerd Cred”.
Colocar mais uma miniatura junto à TV alimentada a USB implica uma gestão complicada. Um novo cabo HDMI no perigoso gangbang que decorre nas traseiras do televisor prejudicaria ainda mais o feng shui puritano da minha sala de estar, um espaço que já sofre do choque visual provocado pela torradeira que serve de base de carga para a minha Switch. (mas quantas merdas é preciso comprar afinal?)
80 Euros? Estarei eu disposto a pagar 80 Euros? É uma pergunta que vale a pena ser feita e que deveria ter surgida em mais artigos. Eles andam por aí a dizer que andam mortinhos por experimentá-la porque a recebem no correio. Tu meu leitor terás certamente que a pagar. Pensa duas vezes.