Depois de anos de sobre-exposição da Segunda Grande Guerra, seguidos por muitos anos de contenção em que o ambiente generalizado da maioria dos videojogos pareceu ter sofrido uma fuga para o espaço e para o futuro, parece-nos que este 2017 pode ser o regresso temático a um dos grandes momentos negros da História da Humanidade.

E não é apenas o anúncio de Call of Duty de regressar a este período, talvez “inspirados” pelo sucesso da aposta de Battlefield em centrar-se na guerra de 14-18, há muitos outros jogos que andam em torno da guerra de 39-45.

Sudden Strike 4, o regresso da famosa série de RTS da Kalypso, leva-nos de volta aos campos europeus durante a Segunda Guerra. Com a sua premissa de criar uma experiência fiel do ponto de vista dos locais de batalha, armamento, e até generais envolvidos em cada escaramuça, este jogo desenvolvido pela Kite Games ainda em Early Access apresenta-se como a primeira grande proposta estratégica dentro deste setting neste ano de 2017.

Sudden Strike 4 permite-nos “ver” alguns momentos da Segunda Guerra pelo lado dos Nazis, Soviéticos e Aliados, e os seus criadores tentaram reproduzir da melhor forma diversos elementos e tácticas utilizadas pelas diversas facções na forma como controlamos cada uma delas.

Por outro lado, este é um jogo que premeia a nossa evolução constante enquanto jogadores e a forma como vamos tomando decisões tácticas inteligentes. O seu sistema de avaliação por estrelas pós-missão vai ditando o nosso desempenho e de que forma é que podemos melhorá-lo, tornando-nos cada vez mais eficazes na arte da guerra.

Conseguir circundar com eficácia as tropas inimigas ou emboscá-las com um ataque surpresa são alguns dos elementos que estão em avaliação, e uma decisão mecânica intimamente ligada à forma como os seus developers querem que aprendamos com o próprio jogo, e que nos tornemos cada vez melhores a explorar as nossas unidades e a aplicar as nossas tácticas.

Como no mundo real, há factores externos que influenciam o campo de batalha e que não são controlados por nenhum dos lados, e que podem surtir um efeito devastador no outcome de cada “encontro”. Falamos obviamente do clima, que surge em Sudden Strike 4 de forma dinâmica e que pode efectivamente virar o curso de uma batalha.

Num jogo em que a mobilidade e o posicionamento estratégico são primordiais, o clima dinâmico surge como um elemento fundamental. Se começar a chover e os nossos tanques estiverem a mover-se sobre terra, é possível que o terreno fique enlameado e que estes fiquem atolados, tornando-se alvos estacionários para o circundamento inimigo.

A necessidade de nos acautelarmos perante o uso de recursos no campo de batalha, sejam eles o combustível e a munição é importante, adicionando uma nova camada de estratégia pelo meio. Para além de termos de gerir em tempo real as nossas unidades de diferentes tipos, temos de ter em atenção os veículos de abastecimento e reparação, sob o risco de alguns dos nossos veículos ficarem parados sem forma de se locomoverem, ou as demais unidades sem ter fogo para disparar contra os inimigos. Como na guerra real, as linhas de abastecimento são importantes e representam uma fase importante de todo o jogo. Defender as nossas e destruir as do inimigo podem ser os elementos que definem o sucesso ou o insucesso de uma missão.

Visualmente Sudden Strike 4 está soberbo, e é um daqueles jogos que merece totalmente ser jogado com o máximo de potencialidades gráficas, para conseguirmos perceber cada ínfimo detalhe do terreno e das muitas unidades que se confrontam.

Mais do que o pensamento mais “simplista” de outros RTS que adoramos como Command & Conquer, em que a força dos números é muitas vezes superior à superioridade das unidades a título individual, Sudden Strike 4 faz-nos tentar tirar o máximo proveito de todos os elementos à nossa volta e do limitado número de unidades para cada cenário.