Duas coisas prévias à minha apreciação da primeira tranche do Season Pass DLC de Legend of Zelda – Breath of the Wild, sendo a primeira que acredito que este é o jogo do ano, e talvez vá ser considerado o jogo da década 2010-2020. Assunto a discutir em 2020 quando todos os jogos de aventura até lá lançados tiverem retirado “inspiração” do que foi feito neste jogo como já foi anunciado que o próximo God of War vai fazer. Por isso acho que qualquer DLC seja totalmente dispensável neste jogo, por razões que irei desbravar mais à frente. Em segundo lugar custa-me de modo tão grave que parte o meu motor de Rapaz-Ventoinha ver a Nintendo cair neste flagelo comercial. Contudo aceitando os ventos da mudança e não querendo ser mais um velho do Restelo vou tentar analisar este DLC da forma mais correcta e isenta possível.

Este está a ser um ano de ouro para a Grande N. A Switch tem sido um inegável sucesso apesar das vozes maldizentes que não conseguem captar a genialidade do seu conceito e criticam o seu parco catálogo de títulos third-party. A verdade é que The Legend of Zelda – Breath of the Wild é fantástico, e dificilmente Super Mario Odissey, Mario + Rabbids ou Metroid vão conseguir igualar a sua qualidade, muito menos superá-la. O jogo é uma obra-prima daí achar que o acrescentar este Season Pass, especialmente o que vem no DLC da primeira fase seja ridículo, porque parte do que lá vem não acrescenta nada de novo ao jogo, não aumenta a sua qualidade e as restantes… bem essas deviam ter sido incluídas originalmente.

Seria como pegar em consideração uma obra prima da escultura como o Rapto de Proserpina, feito por Bernini. Esta obra fantástica em que mármore se torna carne é absolutamente perfeita, por isso seria inadmissível depois dela ter sido apresentada a quem a encomendou que o grande escultor fosse acabar os pormenores das unhas do deus do submundo, fazer mais uns ornamentos nos cabelos de Proserpina e acrescentar algum cenário na sua base. Não que a obra não fosse ser melhorada com estes acrescentos, mas não deviam ser colocados depois. Muito menos, devia ser cobrado para acrescentar esses pontos.

O que traz o DLC, o que tem de bom e de mau?

Hard Mode – Há pouco para dizer sobre este add-on para já. Ainda não o explorei o suficiente para criticar até porque na minha degustação do original ainda só vou com 150 horas e faltam-me 11 Shrines e algumas peças de vestuário para maximizar, por isso dificilmente vou largar o meu trabalho para fazer o mesmo que já fiz num grau de dificuldade superior.

Mas quão superior é o nível de dificuldade?

Aquilo é um Lynel, e encontramos um logo no Great Plateau. Para quem nunca jogou isto não quer dizer nada, então peço-vos para imaginarem que em qualquer jogo de aventura têm que enfrentar o penúltimo boss quando estão no tutorial, sem baldas, enfrentar mesmo o sacana! OK, enfrentar se calhar é um termo forte demais porque a única solução que encontrei para passar essa secção, foi fugir, mas à falta de melhor tem que ser.

Tenho sentimentos mistos acerca deste modo porque apesar de o achar desnecessário tendo em conta como o jogo original vai aumentando gradualmente a dificuldade, mesmo sendo uma fórmula limitada, é um bom modo para replay, porque atrasa a altura em que estamos à altura de enfrentar alguns adversários forçando-nos a ser mais inteligentes e/ou stealthy.

Quando jogar isto como deve de ser se calhar mudo de opinião.

Majora’s Mask, Korok Mask, Twilight Mask, Tingle Suit, Phantom Suit, Switch T-shirt. 

Fan service puro.

Enche chouriços.

Nenhum dos objetos traz algo indispensável ao jogo. E encontrar os baús não é minimamente complicado  ou desafiante se já correram grande parte do mapa. A T-shirt é desnecessária e não faz sentido nenhum dentro do ambiente daquele mundo, os Phantom e Tingle Suit não só não fazem nada já providenciado por outros fatos no jogo como nem sequer se pode fazer upgrades tornando-os puramente estéticos. As máscaras têm alguma utilidade, em particular a dos Korok se formos daqueles fanáticos que têm que fazer os jogos a 100% e levar uma poia dourada para meter em cima da lareira mas daria um jeito do caraças no início do jogo quando precisamos de montes de seeds para aumentar o nosso inventário, de resto… são só giras.

Já que estamos no tópico de coisas úteis no início do jogo.

Travel Medallion e Map Tracker eram duas coisas que teriam sido óptimas quando comecei a jogar isto. Quando comecei? Ao fim de 40 ou 60 horas ainda davam jeito, agora são tão úteis com um segundo ânus no pulso direito.

Porquê? O Travel Medallion permite criar um warp point onde quisermos, algo que quando ainda não encontrámos Shrines para teleporte em certas zonas seria fantástico, agora que além das Torres e Beasts tenho 109 pontos espalhados por todo reino não me serve de nada. Assim como o Map Tracker que mostra por onde andámos nas últimas 200 horas de jogo. Isto teria dado uma mão gigantesca há, sei lá, montes de horas atrás quando ainda me faltavam Shrines localizáveis por radar, tendo em conta que me faltam só os de Quest portanto só tenho tenho que falar com toda a gente outra vez…

The Master Sword Trial

Finalmente a única parte que acrescenta algo concreto ao jogo, uma espécie de expansão de uma Shrine Quest onde somos despojados de tudo o que tínhamos até então, recomeçar tudo, um back to basics de inovação e invenção para resolver os desafios que enfrentamos. É um acréscimo interessante com um boa recompensa mas assim como todos os aspectos que já discuti, ou vinha no jogo original ou não vale a pena quando já estamos neste ponto em que eu e 92% dos jogadores de Breath of the Wild estamos.

Nada disto retira qualidade do jogo, e não duvido minimamente que a segunda parte do season pass valha totalmente os €20 que ele custa, contudo deixa-me triste ver o último bastião contra as más tendências da indústria dos videojogos, aqueles que como aquela mítica aldeia de irredutíveis Gauleses que continuavam a resistir ao Império Romano cair neste flagelo, esta doença que é cobrar aos jogadores valores extra por algo que já devia ter sido incluído de origem.

No início disse que ia ser o mais imparcial possível, e não fazem ideia do que me custa falar mal de um jogo de Legend of Zelda, em particular desta obra magnífica que é Breath of the Wild, mas para já como alguém que vai muito avançado no jogo acho esta primeira parte do DLC inútil, o proposito de um DLC pago meses após o lançamento devia ser acrescentar algo ao jogo, este não o faz. Contudo para quem está a começar o jogo tem muito para ajudar, infelizmente são ajudas pelas quais não devia ser cobrado extra. Eu vou continuar a ter fé nesta marca, vou continuar a acreditar que no futuro os seus DLC vão seguir as linhas que eles próprios e mais alguns resistentes como a CD Projekt Red com The Witcher ou a Firaxis com XCOM têm mantido só que por agora, sinto-me um pouco desiludido.