Mas sem ter nada a ver com a nossa rubrica.
O Rapaz Ventoinha de hoje vai ser dedicado a toda uma geração de jogos. Especificamente, apenas um pode ser considerado um jogo aos olhos de muita gente, mas é precisamente por isso que vamos falar de títulos da Touch! Generations
Apesar de nunca afirmarem pretensões médicas ou científicas de maneira nenhuma Dr. Kawashima’s Brain Age: How old is your brain? sempre me pareceu ser daqueles anúncios de vendedores de banha da cobra. “Quer ficar mais inteligente? Pergunte-me como!” É óbvio que a utilização constante deste jogo não aumenta a capacidade mental ou inteligência de ninguém mais do que qualquer jogo que requeira alguma coordenação olho-mão ou olho-outracoisaqualquer. Se acreditam nisso então precisam mesmo de treino mental.
A série Brain Training conseguiu sim alterar o paradigma do Jogo como objecto de entretenimento e do que é jogável assim como tantos outros da Touch! Generations
Dr. Kawashima simbolizado na sua cabeça flutuante despiu-se de enredos e histórias, largou as invenções para que o jogador tivesse uma experiência mais envolvente e disse:
“Toma lá puzzles, são de vários estilos. Vais ser melhor nuns que outros e vou adaptando a dificuldade perante os teus resultados. Tenta vir cá uma vez por dia fazer 3 no mínimo e vamos falando.”
Foi isto, mais ou menos. De um ponto de vista simplificado mas não muito longe da verdade. A questão é que devido à facilidade de interacção intuitiva este e os outros Touch! Generations estavam acessíveis a toda a gente e à mãe deles. Qualquer um dos 8 aos 88 podia jogar, já não estava limitado a um grupo limitado de pessoas. Este foi apenas um dos primeiros jogos da Nintendo que a enviou para os mercados do chamado casual gaming a par de Nintendogs e de alguns jogos da Wii, títulos que iniciaram o debate de o que era um jogo e de estratificação dentro das enormes hordas de jogadores, que não é para aqui chamado mas ao mesmo tempo contextualmente relevante.
Toda a saga, se assim se pode chamar, Brain Training até ao mais recente Dr. Kawashima Devilish Brain Training Can you stay focused? na 3DS repete a mesma fórmula de sucesso referida acima tentando reinventar-se um pouco a cada oportunidade garantindo assim para sempre um lugar na história dos videojogos.
Completamente fora deste contexto de puzzles temos Art Academy que também faz parte de toda uma geração dedicada ao toque. Não sendo um jogo foi mais um daqueles que abriu os olhos ao público e mostrou que a DS não era só uma consola mas sim um centro de entretenimento. Não no sentido literal actual que dão para jogar, ver filmes, tirar cervejas e levar o cão a passear, as funcionalidades da DS permitiam ir além do normal. Art Academy, pela primeira vez podia combinar os velhinhos cursos “aprende a desenhar” de uma maneira prática e sem gastar centenas de euros.
Sem ser as centenas já gastas na consola e jogo. As aulas corriam de um modo fluido e gradual permitindo-nos aprender ao nosso ritmo, não era só para desenho que podia ser utilizada mas para aprender línguas como japonês inicial em que detectava a nossa pronúncia através do microfone. É claro que não era infalível, nem sequer substitui um bom professor de desenho, mas era um entretenimento engraçado que permitia depois expandir o que foi aprendido no Flip Note Studio, por exemplo.
Para acabar, uma pequena referência a Electroplankton. Não sendo uma ferramenta como Korg, era uma distracção engraçada em que podíamos fazer música electrónica com umas criaturas estranhas. Totalmente esquecido pela sua estranheza foi das melhores experiências na DS que infelizmente não singrou, talvez porque não deixava gravar e partilhar as obras criadas e tornar os seus autores grandes sucessos musicais da actualidade. Quantos David Guettas, Aviicis, e Jorges Jedi não se perderam porque não colocaram os seus barulhos no YouTube na altura? Não sei, talvez tivesse sido melhor assim.
Touch! Generations mudou toda a mentalidade nos videojogos, muitas vezes essa medalha é dada a Nintendogs, mas eu dou-a a estes, e a todos os que pertencem a este grupo de pioneiros mais ou menos famosos, muitos dos quais já aqui foram mencionados como Hotel Dusk e Elite Beat Agents.