A Bimby, esse supra sumo da culinária que faz tudo na cozinha que as pessoas também fazem, e outros tantos aparelhos ou até uma panela ao fogão faz, mas de acordo com quem a tem é a melhor invenção desde a roda. Nem que seja para fazer arroz ou sopa. A Bimby, é nada mais nada menos que um robot de cozinha glorificado. É uma picadora e misturadora com mais uns acessórios, é uma varinha mágica com mania que é doutora. Que é o mesmo que se pode dizer de The Long Journey Home, o penúltimo dos meus jogos da Daedalic vistos na Gamescom 2015.
The Long Journey Home é um bom jogo, assim como a Bimby é um bom aparelho de cozinha, mas não deixa de ser um lander com mania. Pensemos em jogos semelhantes como FTL ou Out There como as picadoras e varinhas mágicas da nossa vida jogável. Simples, eficazes, sem grandes chatices, é só apontar, tomar decisões e o resto é feito por si só, imagem simples mas não simplista, minimalista q. b. para as suas funções e altamente desafiantes e divertidos. Depois pensemos nesta obra como a Bimby, faz a sua parte de exploração roguelike aleatória com um aspecto mais limpo, uma imagem mais evoluída e alguns extra que apesar de darem algum jeito e fazerem algum sentido não deixam de ser dispensáveis. Escolher 4 de 8 membros possíveis para a nossa missão, a nave, o lander, cada um com particularidades próprias têm influência no jogo mas é mínima, das várias incursões falhadas ter escolhido este ou aquele personagem, ou modelos de nave fez pouca diferença.
Em quase tudo, este jogo é semelhante aos já mencionados, com a diferença maior de as viagens espaciais e expedições aos planetas para recolha de materiais são em tempo real em vez de automatizadas. Ao chegar ao um sistema solar temos que guiar a nossa nave até à órbita do planeta que queremos para organizar a aterragem, essa é também feita por nós num modo de jogo semelhante ao antigo Lunar Lander e consequentes remakes. Mas mais uma vez, com um visual mais avançado e uma jogabilidade às vezes irritantemente complicada.
A curva de aprendizagem deste jogo é directamente relacionada com o meu gosto por ele, de inicio parecia simples e gostava de o jogar, depois descia para o “arggghhhh porque não vais para onde quero????” e eu fechava o jogo, e depois percebia que tinha tudo a ver com física de jogo e portanto voltava a gostar outra vez. Temos andado nesta relação que não é de amor-ódio mas mais de acima: meh com aceno positivo – meh com revirar de olhos e suspiro. Para quem leu o meu artigo de há dois anos é interessante ver que a minha opinião mudou um bocado mas isso é devido ao que chamo efeito da noite. Quando saímos à noite, a falta de luz, ambiente, álcool e outras coisas fazem pessoas parecer mais interessantes que são, e aquela rapariga (ou rapaz) que não se calam com os dramas do ginásio podem ter bom aspecto e servir para uma ou outra sessão de diversão mas a longo prazo, precisamos de mais conteúdo porque o visual desvanece, daí achar que bons jogos não são os que têm melhores gráficos mas sim os que têm melhor jogabilidade.
Estes factores não fazem de The Long Journey Home um mau jogo, mas também não fazem dele um jogo que, a meu ver, valha os €39.99 que pedem por ele. Mais uma vez é necessário dar os… quanto é que custa uma Bimby agora? €900? Quando podemos ter o mesmo em partes separadas, ou até uma versão mais simplificada de “marca branca” por uma fracção do preço? Para quem quer e quem pode, sim. Para os outros que têm que calcular bem os seus gastos no luxo que é comprar videojogos, diria que mais vale esperar por uns bons saldos ou então mesmo um bundle para comprar este jogo.